Sete países cortam relações diplomáticas com Qatar - TVI

Sete países cortam relações diplomáticas com Qatar

Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Iémen, Líbia e Maldivas acusam o país de ingerência e de apoiar o terrorismo. A Qatar Airways já anunciou que suspendeu todos os voos para a Arábia Saudita. Por sua vez, a companhia aérea Emirates suspendeu os voos para o Qatar

Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen anunciaram o rompimento de relações diplomáticas e o corte de ligações aéreas e marítimas com o Qatar, acusando o país de ingerência e de apoiar o terrorismo.

A Arábia Saudita afirmou querer “proteger a sua segurança nacional dos perigos do terrorismo e do extremismo”, enquanto o Bahrein sustentou a sua decisão acusando Doha de “minar a segurança e estabilidade” do país e de “interferir nos seus assuntos” internos.

A Arábia Saudita tomou esta medida decisiva devido à série de abusos por parte das autoridades de Doha ao longo dos últimos anos (...), por incitar à desobediência e prejudicar a sua soberania", afirmou um responsável saudita, citado pela agência noticiosa oficial SPA.

Além disso, prosseguiu, "o Qatar acolhe diversos grupos terroristas para desestabilizar a região, como a Irmandade Muçulmana, o Daech [acrónimo em árabe do grupo autoproclamado Estado Islâmico]".

O Bahrein, por seu turno, culpou o Qatar pelo "incitamento dos 'media', apoio a atividades terroristas armadas e financiamento ligado a grupos iranianos para levar a cabo atos de sabotagem e semear o caos no Bahrein".

Na mesma linha, o Egito, também por via de um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros, justificou o rompimento de relações com o Qatar acusando-o de apoiar "o terrorismo" e de "insistir em adotar um comportamento hostil relativamente ao Egito".

Por sua vez, o Iémen acusa o Qatar de ligações com os grupos houthis pró-iranianos e de apoio a grupos jihadistas. Através de um comunicado, o governo do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, segue o alinhamento da coligação árabe e excluiu o Qatar da aliança militar e anunciando o corte de ligações diplomáticas com Doha.

"As práticas do Qatar ao negociar com as milícias (Houthi) e o seu apoio a grupos extremista tornou-se claro", afirmou o governo em comunicado.

Também a Líbia cortou relações com o Qatar. A decisão foi anunciada pelo ministro de Negócios estrangeiros, Mohamed Dayri, esta segunda-feira. Horas depois, era a vez das Maldivas também confirmar que vai cortar as relações diplomáticas com o Qatar.

Qatar diz que não há "justifição legítima"

O Qatar já reagiu e afirmou que não encontra “justificação legítima” para corte de relações de quatro países. O ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar afirmou “não haver uma justificação legítima” para o rompimento de relações diplomáticas anunciado.

Estas medidas são “injustificadas” e “sem fundamento”, reagiu o ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, em comunicado, considerando que têm um “objetivo claro: colocar o Estado [do Qatar] sob tutela, o que constitui uma violação da sua soberania” e é “totalmente inaceitável”.

Todas as nações anunciaram ainda a retirada dos diplomatas do Qatar dos seus territórios, a par com planos para cortar as ligações aéreas e marítimas, sendo que a Arábia Saudita deu ainda conta de que também pretende encerrar a sua fronteira terrestre com o Qatar, deixando-o o efetivamente isolado do resto da península arábica.

A transportadora Qatar Airways, uma das maiores companhias de longo curso da região, que cruza frequentemente o espaço aéreo saudita, já anunciou que suspendeu todos os voos para a Arábia Saudita, tal como a companhia Saudia. Também as companhias aéreas Emirates, Ethiad, a FlyDubai e a  já anunciou que suspendeu os voos para o Qatar até indicação em contrário. 

Além da Arábia Saudita, Bahrein, Egito, Emirados Árabes Unidos, integram a coligação internacional a Jordânia, Kuwait, Marrocos, Paquistão e Sudão.

Quanto ao petróleo, o impacto não deverá ser grande, ao contrário do gás natural, uma vez que Qatar é considerado um gigante do gás natural liquefeito (GPL). Para já o impacto está a ser sentido apenas nos mercados locais, com a bolsa e moeda do Qatar em queda. 

Este sismo diplomático tem lugar 15 dias depois de uma visita a Riade do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o qual pediu aos países muçulmanos para agirem de forma decisiva contra o extremismo religioso.

Estes desenvolvimentos representam um grave revés para o Qatar que, independentemente do seu papel regional, vai acolher o Mundial de Futebol de 2022.

Portugal considera “perturbadora” decisão de corte de relações com Qatar 

O ministro português dos Negócios Estrangeiros qualificou, esta segunda-feira em Madrid, de “perturbadora” a decisão do Bahrein, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Iémen de cortarem relações diplomáticas com o Qatar.

“Haver cortes de relação entre países é sempre um elemento perturbador”, disse Augusto Santos Silva, acrescentando ser necessário uma “boa concertação política e diplomática entre todos, e não de perturbação”.

Para o chefe da diplomacia portuguesa, “este caso é ainda mais perturbador porque ocorre poucos dias depois de uma reunião de todos os países do Golfo com a nova administração norte-americana”.

Desse encontro “parecia ter saído uma mensagem de unidade e de envolvimento de todos no combate ao terrorismo”, disse Augusto Santos Silva.

 

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