As dez histórias que nos tocaram em 2018 - TVI

As dez histórias que nos tocaram em 2018

Javalis da Tailândia

Balanço nacional e internacional do ano

Se há história que ficará nos registos do ano de 2018 é a do resgate da equipa que ficou presa numa gruta na Tailândia. Os rapazes, de 11 a 16 anos, e o treinador, de 25 anos, entraram na caverna Tham Luang Nang Non depois de um jogo de futebol no dia 23 de junho. Foram encontrados vivos, passados dez dias, mas as chuvas quase constantes impediram que as operações de resgate começassem de imediato.

O seu resgate foi acompanhado a par e passo em todo o mundo ao longo de dezoito dias. Ao fim de 483 horas presos na caverna de Tham Luang os 13 javalis viram a luz do dia, foram internados no hospital durante mais de uma semana. Depois de terem feito a iniciação para monges budistas, os jovens viajaram até Los Angeles para participarem no programa de Ellen DeGeneres e foram surpreendidos por Ibrahimovic.

Torneio de sueca termina em tragédia

13 de janeiro. Tondela. Era uma noite de convívio. Várias dezenas de pessoas estavam reunidas no centro recreativo de Vila Nova da Rainha, para um torneio de sueca e para assistir ao jogo entre o Sporting de Braga e o Benfica. A noite devia ter sido de alegria, mas acabou em tragédia: uma explosão seguida de incêndio provocou nove mortos e 38 feridos, 16 deles em estado grave.

A salamandra que estava posicionada no meio da sala ter-se-á incendiado, pegando fogo ao teto. O pânico gerado com a explosão, com muitas pessoas a tropeçarem umas nas outras, acentuou o número de feridos do incêndio, a maior parte devido a queimaduras ou por inalação de fumo.

Centro recreativo de Vila Nova da Rainha após a explosão

Três falhas nas instalações e na atuação de quem estava na coletividade na altura, se não tivessem acontecido, podiam ter minimizado ou mesmo evitado a tragédia.

O Ministério Público instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias em que ocorreu o incêndio na Associação Cultural, Recreativa e Humanitária de Vila Nova da Rainha.

Morte choca Espanha

A 28 de fevereiro tinha início uma das histórias que mais emocionou Espanha. Gabriel, de 8 anos, desapareceu sem deixar rasto, depois de ter saído de casa dos avós em Níjar, Almería, em Espanha, para ir a casa de um primo, a cerca de 150 metros de casa dos avós. Mas nunca chegou ao destino e a avó só percebeu isso quando o foi para o ir buscar, ao fim da tarde.

Os pais acreditavam que o filho tinha sido raptado e fizeram um apelo para que o devolvessem.

Alguns dias depois, durante as buscas, a camisola interior de Gabriel foi encontrada na área da estação de tratamento de esgotos de Barranco Las Águilas, na zona de Las Negras, a cerca de 3,5 quilómetros do local onde a criança desapareceu, pela namorada do pai. 

O corpo do menino viria a ser encontrado, 12 dias depois, na bagageira do carro da madrasta que confessou às autoridades que asfixiou o menino, que o despiu, enterrou o cadáver e que depois o mudou de lugar quando lhe pediram a chave da quinta onde matou a criança.

Os pais de Gabriel no funeral do filho

A morte de Gabriel revoltou toda a Espanha que pediu justiça, mas a madrasta será apenas julgada pelos crimes de homicídio e atentado contra a integridade moral e não por rapto.

Gondelim de luto

As festas da terra tinham começado naquela manhã e a população preparava-se para sair da missa e assistir à procissão quando tudo aconteceu. Mais de cem pessoas estavam na capela de Nossa Senhora da Moita quando aconteceram duas explosões de material pirotécnico.

As explosões ocorreram num edifício contíguo à capela, que ficou bastante danificada, e fizeram um morto e 30 feridos, entre os quais cinco crianças. A vítima mortal era um dos fogueteiros da festa. Dois dos feridos ficaram em estado grave.

Capela de Nossa Senhora da Moita em Gondomil

Um dia após a explosão, a PSP apreendeu 400 foguetes a poucos metros do local das explosões, num espaço não licenciado para o efeito. A investigação ficou a cargo do Ministério Público.

Fogo mortífero destruiu Mati

Em julho, mais de 1.500 casas foram afetadas e mais de 300 viaturas completamente destruídas pelas chamas na Grécia, sobretudo em Mati, um dos bairros periféricos a norte de Rafina, onde muitos habitantes da capital têm segunda casa e onde passam férias de verão.

Fogo deixa rasto de destruição em Mati

Em Mati, 26 vítimas mortais foram encontradas abraçadas. No total, quase 100 pessoas morreram nos fogos e centenas ficaram desalojadas.

As autoridades começaram por suspeitar de fogo posto, mas um relatório desmentiu o governo grego e afastou essa tese.

Perante o cenário de catástrofe, o Governo de Alexis Tsipras decretou três dias de luto e pediu ajuda internacional. Um vídeo divulgado pelos militares gregos mostra a região de Ática completamente devastada pelos fogos.

Uma ponte que caiu em segundos

Chovia copiosamente quando uma ponte sobre a A10, em Génova, na Itália, colapsou fazendo 43 mortos e dezenas de feridos. A cidade italiana ficou em choque assim como toda a Itália. 

Na altura, na ponte, circulavam vários carros, assim como na autoestrada. Quando a ponte colapsou - o momento foi captado pelas câmaras de videovigilância - vários carros caíram, outros foram esmagados, mas houve quem se salvasse quase como por milagre a centímetros do abismo. 

Ponte Morandi

Para além dos carros, também dezenas de casas foram destruídas com a queda da ponte. Cerca de 440 pessoas foram deslocadas por causa do perigo de que as suas casas fossem atingidas. 

Depois do acidente, soube-se que um estudo de 2017 apontava anomalias na ponte Morandi e a Comissão Europeia fez saber que Itália era responsável pela manutenção e que tinha fundos e recomendações para o fazer.

As declarações surgiram depois do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, ter atribuído a culpa da tragédia às restrições financeiras impostas pelas União Europeia.

A tragédia emocionou o país, e cerca de cinco mil pessoas despediram-se de 19 vítimas da queda de um viaduto em Génova, Itália, numa cerimónia com honras de Estado. No entanto, o funeral esteve envolto em polémica, já que parte das famílias das vítimas decidiram não participar nas exéquias públicas e preferiram uma cerimónia privada.

Em busca do sonho

Milhares de migrantes caminharam até aos EUA para desafiar as políticas de imigração norte-americanas. Apesar das tentativas das autoridades mexicanas - sob pressão de Donald Trump - para impedir que a caravana avançasse, os migrantes, que começaram a caravana nas Honduras, conseguiram chegar à fronteira norte-americana.

À procura de asilo nos EUA, os migrantes juntaram-se para tentar cruzar as fronteiras de forma mais segura, visto que são frequentemente atacados por traficantes ao longo do caminho, e chamar a atenção para os perigos que correm na tentativa de chegar a solo norte-americano.

Caravana de migrantes saiu das Honduras

Pelo caminho, pelo menos sete migrantes morreram, mas a morte que recentemente deixou o mundo chocado foi a de uma menina de sete anos que morreu de desidratação após ser detida na fronteira dos EUA. Veio da Guatemala numa caravana de migrantes com o pai e com mais 163 pessoas. Esteve oito horas detida pelos serviços de proteção de fronteiras dos EUA e acabou por morrer por não ter “comido nem bebido água durante vários dias”.

Crianças no Iémen 

A intensificação da guerra no Iémen, nos últimos três anos, pode ter matado à fome ou de doenças cerca de 85 mil crianças com menos de cinco anos. As imagens que foram sendo divulgadas ao longo do ano alertavam para uma realidade dura. 

A fotografia mais chocante foi a de Amal Hussain, a menina de sete anos que sobrevivia num campo de refugiados no norte do Iémen, à fome, malnutrição, e tudo o mais que continua a atingir milhões de refugiados naquele país devastado pela guerra, entre um governo suportado pela Arábia Saudita e fações apoiadas pelo Irão.

Amal Hussain

Amal morreu dias depois do repórter norte-americano Tyler Hicks ter divulgado a sua foto por todo o mundo, tornando-a um símbolo daquela crise humanitária.

Segundo a ONU, cerca de 20 milhões de pessoas no Iémen estão famintas e, pela primeira vez, 250 mil estão a enfrentar uma situação “catastrófica”.

"Vá buscar as suas coisinhas e já lá para fora"

Cristina Tavares viu a sua vida transformada num inferno quando foi readmitida na empresa Fernando Couto Cortiças S.A.. A funcionária - que reconheceu que em meio ano esteve mais de três meses de baixa médica devido a problemas na coluna e à necessidade de acompanhar o filho depois de este ter sido submetido a uma cirurgia - tinha sido despedida por extinção do seu posto de trabalho, mas após recorrer ao tribunal, a empresa foi obrigada a indemnizá-la e a reintegrá-la no cargo que ocupava anteriormente.

E foi aí que o pesadelo começou. Ao regressar ao trabalho, a trabalhadora da corticeira de Paços de Brandão foi obrigada a arrumar paletes de rolhas sem parar todo o dia. Mesmo tendo avisado que não pode executar trabalhos minuciosos e repetitivos devido aos seus 4% de incapacidade resultantes de uma tendinite medicamente atestada.

Cristina Tavares

A corticeira negou as acusações e o caso rapidamente chegou ao Ministério Público, acabando por ser autuada em 31.000 euros. No entanto, mesmo depois da Autoridade para as Condições do Trabalho ter aplicado a multa, a empresa suspendeu a funcionária com vista ao seu despedimento e disse-lhe mesmo "vá buscar as suas coisinhas e já lá para fora".

Segundo o advogado da empresa, não há estimativa de prazo para conclusão desse processo disciplinar, mas, considerando que "a trabalhadora continuará a ser remunerada enquanto suspensa", é do interesse da empresa "concluir o assunto o quanto antes".

Apesar da suspensão, Cristina Tavares diz que ainda tem "esperança em conseguir o posto de trabalho”, que afirmou ser o seu “único sustento”.

Arrastados para a morte

O deslizamento de um grande volume de rochas, blocos de mármore e terra, e o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada 255 para o interior de duas pedreiras contíguas, ocorreram em 19 de novembro, provocando a morte de dois operários e a queda de dois veículos que circulavam na via, de que resultaram três vítimas mortais.

Autoridades retiram segunda viatura da pedreira

As buscas não começaram de imediato. A instabilidade dos terrenos obrigou a uma "operação muito complexa" para conseguir resgatar as vítimas e as viaturas. 

Ao longo de duas semanas, todos os olhos estiveram postos em Borba e o desabamento da estrada está mesmo a ser investigado pela Polícia Judiciária, assim como as detonações ouvidas antes do acidente.

Depois do acidente, o Presidente da Associação Internacional de Hidrogeólogos revelou que um estudo que apontava para a hipótese de uma parede da pedreira ruir, sendo que já nessa altura a estrada que colapsou deveria ter sido interditada.

Segundo a Lusa, também o Governo de Passos Coelho foi alertado, em 2014, para o risco de colapso. O acidente está a ser investigado pelo Ministério Público.

Os heróis também morrem

Numa noite de temporal, um helicóptero do INEM desapareceu dos radares quando regressava para a base de Macedo de Cavaleiros, em Bragança, após ter realizado uma missão de emergência médica de transporte de uma doente grave para o Hospital de Santo António, no Porto. 

As buscas para tentar saber o que acontecera com o helicóptero desaparecido começaram cerca das 20:30 de sábado. Contudo, "o último contacto com o helicóptero foi registado por volta das 18:30, na zona de Valongo".

Foram horas de angústia para saber o que tinha acontecido ao aparelho que transportava quatro tripulantes: um médico, uma enfermeira e dois pilotos. A resposta que ninguém queria receber chegou de madrugada: o helicóptero tinha-se despenhado na serra e os tripulantes não tinham sobrevivido.

Destroços do helicóptero do INEM encontrados

O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, determinou à Proteção Civil a abertura de um “inquérito técnico urgente” ao funcionamento dos mecanismos de reporte da ocorrência e de lançamento de alertas relativamente ao acidente. 

O relatório preliminar da Proteção Civil aponta falhas à NAV Portugal, ao 112 e ao Comando Distrital de Operações de Socorro do Porto (Proteção Civil). 

Também o Ministério Público ordenou a abertura de um inquérito para apurar circunstâncias do acidente. 

Três dias após o acidente, o Presidente da República afirmou que caso se confirmem os erros no socorro às vítimas da queda do helicóptero do INEM, em Valongo, no domingo, isso significa que “o Estado falhou”.

"Está visto que ainda não retirámos lições quanto a estradas que caem e dificuldades de comunicação como quando há acidentes como estes. Convém retirar lições".

Continue a ler esta notícia