Obrigado a pagar 110 euros por cadeira de rodas em voo da Ryanair. "Foi humilhante" - TVI

Obrigado a pagar 110 euros por cadeira de rodas em voo da Ryanair. "Foi humilhante"

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  • 28 jan 2020, 16:35
Ryanair

Incidente ocorreu no aeroporto de Barcelona. Pau Muñoz, que tem paralisia cerebral, foi obrigado a pagar para ter direito ao serviço para passageiros com mobilidade reduzida, e acusado de se tentar aproveitar da incapacidade em benefício próprio

Pau Marc Muñoz, um catalão de 44 anos, acusa a companhia aérea Ryanair de tratamento "humilhante", depois de lhe terem sido cobrados 110 euros pela utilização de uma cadeia de rodas, disponível para passageiros com mobilidade reduzida. 

O catalão, que sofre de paralisia cerebral desde o nascimento e tem problemas na fala e na mobilidade, leva uma vida relativamente normal, mas por se cansar com facilidade pede habitualmente uma cadeira de rodas para as deslocações dentros dos aeroportos. Porém, segundo o La Vanguardia, quando tentou solicitar o serviço no aeroporto de Barcelona no dia 27 de dezembro de 2019, antes de viajar para Viena com a companheira, foi insultado e acusado de se aproveitar da incapacidade em benefício próprio. 

De acordo com o jornal, os funcionários da Ryanair exigiram a Muñoz que pagasse 110 euros por não ter feito o check-in online solicitando aí o serviço, ainda que o passageiro alegasse que ao tentar pedir na internet a cadeira de rodas recebia a mensagem de que deveria dirigir-se a um balcão. 

Muñoz disse ao La Vanguardia que os funcionários da companhia não quiseram ouvir as explicações que tinha para dar, mesmo tendo chegado dentro do prazo indicado pela Ryanair para solicitar o serviço - até duas horas antes do embarque - e que lhe pediam sempre o pagamento de 110 euros. A conversa subiu de tom até que lhe foi dito que "não podia usar a incapacidade para tudo".

Disseram à minha companheira que devia ter vergonha do que estava a fazer”, acrescentou o catalão.

Depois de uma hora de discussão e “ameaças”, o casal acabou por pagar o montante exigido para Muñoz ter acesso à cadeira de rodas e partiu em viagem.

Depois de passarem o final do ano em Viena, Muñoz e a companheira regressaram a Barcelona e apresentaram queixa junto da companhia, bem como à agência de defesa do consumidor. 

Munõz, que é biólogo e professor na Universidade Internacional da Catalunha, descreveu como “patética” a situação vivida no aeroporto e criticou o tratamento ali oferecido às pessoas com deficiência motora: "Noutras partes do mundo são mais humanos”.

Ryanair admite “mal-entendido” 

A companhia aérea Ryanair entrou entretanto em contacto com o passageiro, pediu-lhe desculpa por qualquer inconveniente causado e devolveu o montante de 110 euros, assinalando porém que terá havido um mal-entendido, pois o serviço de cadeira de rodas é gratuito mas tem de ser solicitado duas horas antes do voo - prazo que Muñoz garante ter cumprido. 

Quando tens um problema na fala, como é o meu caso, nem te escutam. E desprezam-te”, afirmou. Muñoz revelou ainda que a Ryanair lamentou o facto de os funcionários terem sido "especialmente desagradáveis".

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