O sindicato de estudantes da Universidade Politécnica de Hong Kong indicou que cerca de 500 pessoas continuam barricadas na instituição, muitas delas gravemente feridas, noticiou a imprensa local.
Em declarações à emissora RTHK, o presidente interino daquele sindicato, Ken Woo, assinalou que ainda há água disponível, mas que outros mantimentos estão a esgotar-se rapidamente.
Ken Woo disse que muitos dos manifestantes estão a sofrer de hipotermia devido aos canhões de água usados pela polícia na véspera.
Entretanto, numa mensagem publicada pouco antes do meio dia (04:00 em Lisboa), a polícia apelou a todos os que estão dentro da universidade para "largarem as armas e itens perigosos, removerem as máscaras e saírem de forma ordenada".
Os manifestantes, que estão barricados há vários dias naquela universidade, temem ser detidos à saída, mas a polícia tem reforçado o cerco em torno da instituição, dificultando a saída de jornalistas e de pessoal médico.
Cerca das 08:00 (00:00 me Lisboa), a polícia disparou gás lacrimogéneo contra manifestantes que tentavam escapar, apesar do acordo de cessar-fogo alcançado pelo diretor da universidade e as autoridades.
De acordo com a Autoridade Hospitalar, pelo menos 38 pessoas ficaram feridas durante a noite de domingo.
Também no domingo, um polícia foi atingido numa perna por uma flecha lançada por manifestantes antigovernamentais, informaram as forças de segurança, reforçando a operação no local com um canhão de água.
A contestação social foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial chinesa a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.
A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da atual chefe do Governo, Carrie Lam, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.
Supremo Tribunal declara inconstitucional lei anti-máscara
O Supremo Tribunal de Hong Kong declarou inconstitucional a proibição do uso de máscaras em protestos, noticiou a emissora local RTHK.
O tribunal afirmou que a proibição das máscaras, que entrou em vigor em 5 de outubro passado, é inconstitucional por impor mais restrições do que as necessárias aos direitos fundamentais da população, indicou a RTHK.
Esta decisão surgiu na sequência de uma revisão judicial por 24 deputados pró-democracia da decisão do executivo de Carrie Lam de aplicar uma lei de emergência que remonta à época colonial britânica, acrescentou.
Quando anunciou a imposição da 'lei anti-máscara', no mês passado, Carrie Lam afirmou que o Governo pretende "acabar com a violência e restaurar a ordem", devido à “situação de grande perigo público” que se vive no território desde o início de junho.
Na origem dos protestos antigovernamentais está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.
A antiga colónia britânica passou a ser uma região administrativa especial chinesa em 01 de julho de 1997.