"A Europa é responsável, porque apoiou, apoia e dá cobertura ao terrorismo. A Europa divide os terroristas em grupos, chamando alguns de 'moderados', quando, na realidade, são todos extremistas", disse o líder sírio.
Assad questiona a atual preocupação da União Europeia em "garantir uma migração organizada", depois de muitos refugiados terem "morrido afogados na tentativa de cruzarem o Mediterrâneo" devido à falta de condições dos meios de transporte, quando o problema deveria ser trabalhado de raiz.
"Sentimos dor por todas as vítimas inocentes, mas, por acaso, a vida de uma pessoa afogada no mar tem mais valor que a de uma morta na Síria? Como se pode lamentar a morte de uma criança no mar e fazer pouco caso de milhares de crianças, mulheres e idosos vítimas do terrorismo na Síria?", questionou.
"Se os europeus estão preocupados com o destino dos refugiados, que deixem de apoiar os terroristas", argumentou Assad, considerando "vergonhosa" esta demonstração de "dois pesos e duas medidas" da UE relativamente ao que se passa no Mediterrâneo e ao que está a acontecer na Síria.
Bashar al-Assad apelou também aos sírios para que não desistam de lutar contra o terrorismo no país.
"Se hoje perguntamos a qualquer sírio o que ele quer, sua primeira resposta será: segurança e estabilidade para todos e cada um de nós. Desta maneira, todas as forças políticas, tanto no governo como fora dele, devem se unir em torno das exigências do povo sírio", reforçou.
Durante a entrevista, Bashar al-Assad afirmou, ainda, que a coligação liderada pelos Estados Unidos não está a conseguir travar o avanço do Estado Islâmico e que a ajuda do Irão, sobretudo ao nível da tecnologia militar, tem sido crucial no combate ao terrorismo.
"A ajuda militar não é o que alguns meios ocidentais tentam apresentar como o envio de unidades militares iranianas à Síria. Isto não é correto, o Irão só nos fornece armamento", revelou, acrescentando que "a ajuda de Teerão foi um elemento substancial que permitiu à Síria resistir nesta complicada guerra".
No poder porque o povo quer
O presidente sírio afirmou igualmente na entrevista aos media russos que está no poder por vontade do povo e que só deixará o cargo se o mesmo povo assim o desejar e não por pressões do Ocidente.
“O presidente é escolhido pela vontade popular nas eleições e para sair tem de ser a pedido do povo e não porque os Estados Unidos querem, ou o Conselho de Segurança da ONU, ou a Conferência de Genebra…”, disse Assad.
“Se o povo quer que o presidente fique o presidente fica. Caso contrário, o presidente deverá abandonar rapidamente. Esta é a minha posição desde o início”, argumentou.
"Se o povo quiser assim, o presidente continua. Caso contrário, deverá sair imediatamente. Esta é a minha posição desde o princípio", disse.