Síria: pelo menos 106 ataques químicos desde 2013 - TVI

Síria: pelo menos 106 ataques químicos desde 2013

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  • 15 out 2018, 13:50
Bombardeamos na Síria

Apesar de a Organização para a Proibição de Armas Químicas e as Nações Unidas terem destruído as 1.300 toneladas de armamento químico que o governo sírio declarou, os ataques com este tipo de armas continuaram

Pelo menos 106 ataques tiveram recurso a armas químicas durante a guerra civil na Síria, desde setembro de 2013, revela uma investigação do canal BBC citada pela agência Associated Press.

O programa “Panorama” da BBC e o serviço árabe do canal afirmam que existem provas suficientes para contabilizar esse número de ataques desde 2013, quando o presidente sírio Bashar al-Assad assinou a Convenção Internacional para a Proibição das Armas Químicas (CWC, na sigla em inglês) e prometeu destruir as suas reservas de armas químicas.

A Síria ratificou a CWC um mês depois do devastador ataque químico nos arredores de Damasco que espalhou o agente nervoso químico “Sarin” e fez centenas de mortos, inclusive crianças.

Apesar de a Organização para a Proibição de Armas Químicas e as Nações Unidas (OPCW, na sigla em inglês) terem destruído as 1.300 toneladas de armamento químico que o governo sírio declarou, os ataques com este tipo de armas continuaram.

O programa “Panorama” e o serviço árabe da BBC avaliaram 164 denúncias de ataques químicos supostamente perpetrados na Síria desde que o país assinou a CWC, há cinco anos, e concluíram com segurança que 106 desses ataques utilizaram armas químicas.

O maior número dos ataques teve lugar na província de Idlib, no noroeste do país, e vários incidentes aconteceram nas províncias vizinhas de Hama e Alepo, assim como na região de Guta, a este de Damasco, acrescenta a BBC.

Todas estas zonas correspondem a forças da oposição, segundo o canal britânico.

De acordo com as denúncias recebidas, o incidente mais grave ocorreu na cidade de Jan Sheijun, na província de Idlib, no dia 04 de abril de 2017, onde, segundo unidades locais de socorro, mais de oitenta pessoas perderam vida.

A investigação revela ainda que poucos ataques mereceram a atenção dos media, apesar de os dados recolhidos indicarem que houve um uso repetitivo e sustentado de armamentos químicos.

“O uso das armas químicas fez com que as forças do governo conseguissem alguns resultados, e consideraram que valia a pena correr tal risco”, afirmou Julian Tangaere, ex-diretor da missão da OPCW na Síria.

O representante do Reino-Unido na ONU, Karen Pierce, disse aos investigadores do “Panorama” que o uso de armas químicas é algo “horrível”, não só pelos efeitos que provoca mas porque se trata de um armamento de uso proibido há cem anos.

A equipa da BBC avaliou as denúncias de ataques químicos de distintas fontes, consideradas imparciais e não implicadas nos confrontos da guerra civil síria.

Os investigadores chegaram a estas conclusões com a ajuda de vários analistas independentes, analisaram dados disponíveis até agora, testemunhos de vítimas, assim como fotografias e vídeos.

No entanto, a BBC afirma que não lhe foi permitido filmar sobre o terreno sírio nem visitar os lugares onde aparentemente se produziram os ataques.

O governo sírio e russo acusou os grupos da oposição de usar armas químicas e, várias ocasiões.

A BBC acrescenta que, de acordo com as provas que dispõe, pelo menos 51 dos 106 ataques foram aéreos e levados a cabo pelas forças governamentais sírias.

As provas sugerem que o químico tóxico mais utilizado foi o cloro, proibido em virtude da CWC, mas o ataque mais sangrento revelou o uso do agente químico Sarín.

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