O chefe de Estado boliviano Evo Morales reivindicou esta quinta-feira a vitória na primeira volta das eleições presidenciais ao assegurar que obteve mais de dez pontos percentuais do que Carlos Mesa, que segundo a legislação eleitoral evita uma segunda volta.
“Ganhámos na primeira volta”, anunciou em conferência de imprensa o candidato do Movimento para o Socialismo (MAS), afirmando que a contagem oficial de 98% dos boletins lhe fornecem 46,83%, contra 36,7% para Carlos Mesa, da aliança Comunidade Cidadã.
President Evo Morales 8am press conference:
・declares 1st round victory w/nearly 98.5% counted
・condemns racism which doesn't recognize rural vote
・~120,000 to be counted, says they’re rural
・'The people knew Mesa was a coward; now its confirmed that he's a criminal.' pic.twitter.com/78yjvXxxOW
— Camila (@camilateleSUR) October 24, 2019
O sistema eleitoral boliviano concede a vitória ao candidato com pelo menos 50% mais um dos votos, ou acima de 40% mas com dez pontos de vantagem sobre o segundo. Caso não alcancem estas percentagens, os dois mais votados disputam uma segunda volta.
As restantes sete candidaturas obtiveram percentagens muito baixas, com o terceiro lugar para o pastor presbiteriano de origem coreana Chi Hyun Chung, do Partido Democrata-Cristão, com 8,83%, e o quatro para o senador Óscar Ortiz da Aliança A Bolívia Diz Não.
Os restantes candidatos surgem com percentagens abaixo dos 3%, e muitos com menos de 1%, sem alcançarem o mínimo estabelecido para conservar a sua personalidade jurídica como partidos políticos.
Mesa já advertiu que não reconhecerá um resultado que exclua uma segunda volta contra Morales e denunciou uma “gigantesca fraude” por parte da comissão eleitoral a favor do Presidente cessante, que se candidata a um quarto mandato consecutivo.
The repression in Bolivia against thousands of protesters protesting the theft of presidential elections by coca-maniac Evo Morales. pic.twitter.com/DosbYQOGZm
— Cupos en La Haya (@jcajias) October 24, 2019
Por sua vez, o chefe de Estado boliviano tem considerado que as denúncias da oposição constituem uma tentativa de “golpe de Estado” para lhe impedir a vitória na primeira volta.
Os protestos foram desencadeados na segunda-feira, com incêndios nas sedes do órgão eleitoral em diversas regiões e confrontos entre apoiantes e detratores do Presidente, e com a polícia.
O Presidente Evo Morales tem prevista para esta quinta-feira de manhã (hora local), uma conferência de imprensa na sede do Governo em La Paz.
Além do Presidente e vice-Presidente, os bolivianos também votaram para eleger 130 deputados, 36 senadores e nove governadores — um por cada departamento do país –, que integrarão a Assembleia Legislativa para o período 2020-2025, atualmente controlado com uma maioria de dois terços pelo MAS de Evo Morales.
A decisão de Morales em apresentar-se a um quarto mandato apesar do “não” no referendo de fevereiro de 2016, foi muito criticada por diversos setores da sociedade boliviana e da oposição, que alertaram para uma deriva autocrática no caso de nova vitória.
“ESTO NO ES CUBA, tampoco #Venezuela; esto es #Bolivia y Bolivia se respeta”
— TITO RODRIGUEZ (@TITORODRIGUEZZ) October 24, 2019
POR UNA #BoliviaLibreDeNarcomunismo y del #ForoTERRORISTAdeSaoPaulo niños bolivianos asumen un rol protagónico, en las protestas contra el fraude del dictador Evo Morales. #24Oct pic.twitter.com/O0fb92PfOd
No poder há 13 anos, Morales tornou-se no primeiro Presidente indígena e de esquerda do país andino, mas diversos casos de corrupção nos círculos próximos do poder e as denúncias de viragem autoritária também desgastaram a sua imagem, apesar de permanecer muito popular.