De acordo com a AFP, as bombas H, ou bomba de hidrogénio, do tipo que a Coreia do Norte afirma ter testado com sucesso, têm um poder infinitamente superior às bombas A, tais como as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki em 1945.
As bombas A libertam uma energia desencadeada pela fissão de elementos como urânio ou plutónio. As de hidrogénio - ou termonucleares - utilizam em primeiro lugar a técnica de fissão gerada apenas por urânio ou plutónio e, em seguida, a de fusão nuclear numa reação em cadeia, que produz uma explosão muito mais potente do que uma deflagração por fissão.
Pyongyang testou em três oportunidades a chamada "bomba atómica A", que utiliza a fissão nuclear, em 2006, 2009 e 2013. Os testes resultaram em várias sanções internacionais contra a economia e a diplomacia norte-coreanas.
Até hoje, nenhuma bomba de hidrogénio foi utilizada fora de disparos de testes.
Principais diferenças entre os dois artefactos
- A bomba H, “bomba de hidrogénio” ou ainda "termonuclear" baseia-se no princípio de fusão nuclear e liberta energia superior às temperaturas e pressões mais elevadas do centro do sol.
Quando uma bomba de hidrogénio explode, explosões químicas, nucleares e termonucleares sucedem-se num período infinitesimal de tempo. Uma primeira bomba de fissão provoca um aumento acentuado na temperatura que provoca a fusão.
A 1 de novembro de 1952, os Estados Unidos detonaram secretamente este novo tipo de bomba nas Ilhas Marshall, no Oceano Pacífico.
Um ano mais tarde, a União Soviética anunciou uma explosão termonuclear. O poderio da maior bomba de hidrogénio já detonada, a soviética "Tsar Bomba", a 30 de outubro de 1961, acima do Ártico, foi de 57 megatoneladas, um poder, teoricamente, cerca de 4.000 vezes maior do que a bomba de Hiroshima.
- A bomba A, vulgarmente conhecida como "bomba atómica", utiliza o princípio da fissão de átomos. Foram desenvolvidas duas matrizes: uma de urânio enriquecido e outra de plutónio.
A explosão da primeira bomba deste tipo, em julho de 1945 no deserto americano do Novo México, revelou o poder destrutivo desta energia.
O poder da bomba de urânio lançada sobre Hiroshima foi de 15 quilotoneladas (0,015 megatoneladas). A da bomba de Nagasaki, de plutónio, de poder comparável (17 quilotoneladas), o equivalente a 17.000 toneladas de TNT.
Quatro anos mais tarde, a União Soviética detonou a primeira bomba, a 29 de agosto de 1949, no deserto do Cazaquistão.
- A técnica de miniaturização é um passo fundamental, pois permite montar uma arma nuclear em ogivas de mísseis.
De acordo com Pyongyang, a bomba H testada, esta quarta-feira, era um míssil "miniaturizado".
Em maio de 2015, a Coreia do Norte afirmou ser capaz de lançar ogivas nucleares miniaturizadas em foguetes de precisão de longo alcance.
Mas a Casa Branca não acredita que este país é capaz de miniaturizar uma arma atómica.
Pelo menos nove países possuem armas nucleares no mundo
Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU são considerados potências nucleares oficiais: Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha e França. Todos eles possuem a bomba H, dizem os especialistas.
De acordo com Hans Kristensen, analista na Federation of American Scientists (FAS), um grupo de reflexão, os arsenais norte-americano, britânico e francês são exclusivamente compostos atualmente de armas termonucleares. A Rússia ainda dispõe da bomba A.
A Índia (1974) e o Paquistão (1998) juntaram-se ao clube nuclear, bem como Israel, que, no entanto, nunca admitiu ter a bomba atómica.
Esses três países possuem apenas a bomba A, referem os especialistas.
O Irão assinou com as grandes potências (EUA, França, Estados Unidos, Rússia, China e Alemanha), em julho de 2015, um acordo nuclear que prevê a limitação do programa nuclear iraniano em troca de uma suspensão parcial e reversível das sanções internacionais impostas à República Islâmica.