Amazónia: Bolsonaro agradece ajuda e diz que crise no G7 foi superada - TVI

Amazónia: Bolsonaro agradece ajuda e diz que crise no G7 foi superada

  • ALM com Lusa
  • 25 ago 2019, 16:33

Luxemburgo recusa apoiar acordo com Mercosul se Brasil não proteger a maior floresta do mundo

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, agradeceu hoje às “dezenas de chefes de Estado” que ajudaram o Brasil “a superar” a crise relativa aos incêndios na Amazónia, afirmando que “desde o princípio” procurou dialogar com os líderes do G7.

Meu muito obrigada a dezenas de chefes de Estado que me ouviram e nos ajudaram a superar uma crise que só interessava aos interesses que querem enfraquecer o Brasil", escreveu Bolsonaro numa publicação da rede social Facebook.

A mensagem foi acompanhada de um vídeo, gravado no sábado, durante o encontro do G7 (grandes potências industriais) em que o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, afirmam que vão ligar para o presidente brasileiro.

Além do agradecimento, Bolsonaro escreveu que desde o princípio buscou "o diálogo junto aos líderes do G7, bem como da Espanha e Chile, que participam como convidados".

O governante aproveita para defender o seu Governo afirmando que "o Brasil é um país que recupera a sua credibilidade e faz comércio com praticamente o mundo todo”.

“Somos uma das maiores democracias do mundo, comprometidos com a proteção ambiental e respeitamos a soberania de cada país", acrescentou.

Hoje, o presidente francês declarou que os países do G7 concordaram em "ajudar o mais rapidamente possível os países afetados" pelos incêndios que se multiplicaram nos últimos dias na Amazónia.

"Há uma verdadeira convergência para dizer: 'nós concordamos em ajudar o mais rapidamente possível os países que são atingidos pelos fogos'", disse Macron.

As imagens da Amazónia em chamas suscitaram uma comoção mundial e colocaram o assunto no centro das discussões do G7, apesar da relutância inicial do Brasil, que não está presente na cimeira, em França.

Macron afirmou que estão a ser feitos contactos com "todos os países da Amazónia" para que se possam finalizar compromissos muito concretos de "meios técnicos e financeiros".

"Estamos a trabalhar num mecanismo de mobilização internacional para poder ajudar de maneira o mais eficaz possível estes países", precisou.

Quanto à questão de longo prazo de reflorestação da Amazónia, "várias sensibilidades foram expressas" acrescentou.

Mas o desafio da Amazónia para estes países e para a comunidade internacional é tal, em termos de biodiversidade, de oxigénio, de luta contra o aquecimento global, que devemos avançar com essa reflorestação", afirmou Emmanuel Macron.

Luxemburgo recusa apoiar acordo com Mercosul se Brasil não proteger a Amazónia

Entretanto, o Governo do Luxemburgo anunciou hoje que irá bloquear a ratificação do acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul se o Brasil não começar a cumprir as suas obrigações climáticas de proteção da Amazónia.

O Luxemburgo não pode apoiar a assinatura do acordo [entre a União Europeia e o Mercosul, constituído por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai] se o Brasil não se preparar para respeitar as suas obrigações relativamente ao Acordo de Paris, celebrado nas negociações com a UE", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Luxemburgo, Jean Asselborn, num comunicado citado pela agência de notícias espanhola EFE.

O governante adiantou que, "face à desflorestação da Amazónia que causa incêndios dramáticos", o executivo do Luxemburgo "espera que os parceiros do Mercosul respeitem mesmo antes do acordo negociado os compromissos do Acordo de Paris".

Consequentemente, o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros e o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, irão propor ao Conselho de Ministros a paralisação da decisão de ratificar o acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, que ainda precisa da aprovação dos 28 Estados-membros da União Europeia para entrar em vigor.

Segundo Jean Asselborn, o Luxemburgo considera que o acordo comercial "é uma oportunidade histórica", mas é necessária uma "mudança de direção" para garantir "o respeito à floresta amazónica, que é o pulmão do planeta".

Por isso, pede "cooperação" para atingir as finalidades de conservação daquele espaço natural.

A crise ambiental agudizou-se de tal forma que ameaça torpedear o acordo comercial UE-Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), assinado em 28 de junho após 20 anos de negociações.

O pacto abrange um universo de 740 milhões de consumidores, que representam um quarto da riqueza mundial.

Acusando Jair Bolsonaro de ter mentido sobre os seus compromissos com o meio ambiente, Paris anunciou que nessas condições se opõe ao tratado.

Em resposta a este comentário, Bolsonaro disse na sexta-feira que lamentava ter sido chamado de mentiroso pelo presidente francês e disse estar aberto ao diálogo.

Numa declaração exibida nas cadeias de rádio e televisão, também na sexta-feira, o chefe de Estado brasileiro afirmou que as queimadas na amazónia não justificariam sanções comerciais ao Brasil.

O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.

A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.

Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.

 

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