Bolsonaro ameaça Supremo Tribunal: "Não podemos aceitar mais prisões políticas” - TVI

Bolsonaro ameaça Supremo Tribunal: "Não podemos aceitar mais prisões políticas”

O presidente do Brasil discursou perante os milhares de apoiantes que se reuniram na manifestação em Brasília, numa viatura equipada com altifalantes

Em cima de uma viatura, equipada com altifalantes, Bolsonaro ameaçou vários elementos do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles os ministros Luiz Fux, presidente do STF, e Alexandre de Moraes, juiz do STF.

Durante um protesto em defesa do seu Governo, frisou que a manifestação popular dos seus apoiantes representa um ultimato aos três poderes. O presidente brasileiro reiterou que ninguém está à margem da constituição, dirigindo-se a Luiz Fux e Alexandre de Moraes, cujas decisões têm sido desfavoráveis aos bolsonaristas.

Não podemos continuar a aceitar que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, reiterou Bolsonaro.

As declarações do presidente brasileiro visavam Moraes que nas últimas semanas expediu mandados de prisão contra apoiantes do Governo envolvidos num inquérito sobre atos antidemocráticos e notícias falsas que tem, entre os investigados, o próprio Bolsonaro.

Ou o chefe desse Poder [Supremo Tribunal Federal] enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse.

O Presidente brasileiro ameaçou esta terça-feira juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) num discurso em Brasília, durante um protesto em defesa do seu Governo, e frisou que a manifestação popular dos seus apoiantes representa um ultimato aos três poderes.

A manifestação em Brasília juntou milhares de pessoas que usavam as cores da bandeira brasileira, verde e amarelo, e entoavam cantos e frases de apoio ao governante.

Num breve discurso, Bolsonaro disse que ele e os seus apoiantes respeitam a Constituição e “não querem uma rutura” embora o ato tenha sido acompanhado por milhares de pessoas que levaram cartazes e placas, inclusive em inglês, pedindo medidas como prisão e a destituição de todos os juízes do STF, mas também uma intervenção militar que mantivesse Bolsonaro no poder.

Todos aqui sem exceção somos aqueles que dirão para onde o Brasil deverá ir. Temos em nossa bandeira escrito “Ordem e Progresso’. É isso que nos queremos, não queremos rutura, não queremos brigar com poder nenhum, mas não podemos admitir que uma pessoa turve a nossa democracia. Não podemos admitir que uma pessoa coloque em risco a nossa liberdade”, afirmou Bolsonaro.

O chefe de Estado acrescentou que a manifestação que esta terça-feira decorre em várias cidades brasileiras constitui um recado da população aos três poderes: é “um comunicado, um ultimato, para todos que estão na Praça dos Três Poderes, inclusive eu, Presidente da República.”

Enquanto vocês estiverem comigo eu estarei com vocês e não importa quantos obstáculos que, porventura, tenhamos ao longo do nosso caminho”, concluiu.

As manifestações incentivadas por Bolsonaro foram convocadas há quase dois meses num contexto de fortes tensões entre o chefe de Estado e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, instituições que o governante e parte da extrema-direita acusam de atuar como "partidos de oposição" contra o Governo.

Não podemos continuar a aceitar que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, acrescenta.

Além disto, a popularidade do Presidente brasileiro está em queda devido à pandemia, à crise económica e às constantes declarações polémicas feitas.

Nas últimas semanas, o Presidente brasileiro provocou instabilidade institucional ao fazer duras críticas à Justiça, que investiga o chefe de Estado por supostas irregularidades no combate à pandemia de covid-19 e por difundir notícias falsas sobre a transparência e fiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro participará e discursará novamente num outro protesto convocado por seus apoiantes em São Paulo, a maior cidade do Brasil, por volta das 16:00 (horário local).

Presidente do Senado reafirma defesa da democracia no Brasil

O presidente do Senado brasileiro, Rodrigo Pacheco, reafirmou esta terça-feira a defesa da democracia, no dia em que o país comemora o feriado de Independência e é palco de protestos convocados por apoiantes do Presidente, que contestam o sistema democrático.

Ao tempo em que se celebra o Dia da Independência, expressão forte da liberdade nacional, não deixemos de compreender a nossa mais evidente dependência de algo que deve unir o Brasil: a absoluta defesa do Estado Democrático de Direito", escreveu Pacheco na rede social Twitter.

Nesta terça-feira o presidente do Senado, câmara alta do Congresso do país sul-americano, também publicou um artigo no jornal O Estado de S.Paulo em que frisou que “liberdade e democracia são valores que não pertencem à direita ou à esquerda, nem são propriedade de um ou de outro grupo de cidadãos”.

A Carta Magna fala que o poder emana do povo, refere-se à coletividade como sua verdadeira detentora, ao passo que o exercício desse poder ocorre por meio dos legítimos representantes eleitos de tempos em tempos", acrescentou no artigo.

Pacheco também alertou que não se deve confundir o significado de liberdade de expressão e de manifestação com aproximações ao autoritarismo.

As liberdades de expressão e de manifestação engrandecem uma sociedade, porquanto fundadas nos direitos de liberdade e de exercício democrático. Mas é preciso que não se perca de vista a exata compreensão desses termos ao invocá-los, especialmente quando a ambiguidade da sua utilização possa vir a capturar a boa intenção de alguém, a ponto de misturar valores cívicos com ‘flirts’ de autoritarismo.”, pode ler-se no artigo.

O Brasil vive uma grande tensão entre os três Poderes da República (executivo, judiciário e legislativo) provocada por críticas do Presidente brasileiro e dos seus apoiantes ao sistema judiciário, nomeadamente a dois juízes do Supremo Tribunal Federal, mas também a membros do Congresso.

Pacheco, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e o presidente do STF, Luiz Fux, não participaram na cerimónia cívica de hasteamento da bandeira brasileira no dia da Independência que aconteceu de manhã no Palácio da Alvorada.

Após o evento, Bolsonaro sobrevoou Brasília de helicóptero, acompanhado por alguns ministros, e transmitiu imagens na região onde se concentraram milhares de manifestantes em Brasília, que percorreram a Esplanada dos Ministérios, avenida onde se concentra a sede dos três poderes: judiciário, legislativo e administrativo.

O chefe de Estado discursou na manifestação convocada a favor de seu Governo em Brasília onde criticou o Supremo Tribunal Federal.

Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil”, acrescentou Bolsonaro referindo-se ao juiz do STF Alexandre de Moraes, que nas últimas semanas expediu mandados de prisão contra apoiantes do Governo envolvidos num inquérito sobre atos antidemocráticos e notícias falsas que tem, entre os investigados, o próprio Presidente.

Manifestações no dia 7 de setembro incentivadas por Bolsonaro foram convocadas há quase dois meses por seus apoiantes num contexto de fortes tensões entre o chefe de Estado e o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, instituições que o governante e parte da extrema-direita acusam de atuar como "partidos de oposição" contra o Governo.

Além disto, a popularidade de Bolsonaro está em queda devido à pandemia, à crise económica e às constantes declarações polémicas feitas.

Nas últimas semanas, o Presidente brasileiro provocou instabilidade institucional ao fazer duras críticas à Justiça, que investiga o chefe de Estado por supostas irregularidades no combate à pandemia de covid-19 e por difundir notícias falsas sobre a transparência e fiabilidade do sistema eleitoral brasileiro.

Bolsonaro participará e discursará novamente num outro protesto convocado por seus apoiantes em São Paulo, a maior cidade do Brasil, ao final do dia.

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