Detidos cinco engenheiros que atestaram segurança da barragem que rebentou - TVI

Detidos cinco engenheiros que atestaram segurança da barragem que rebentou

  • Atualizada às 16:15
  • 29 jan 2019, 10:07

Justiça suspeita de fraude e emitiu mandados temporários de 30 dias de prisão. Ao quinto dia de buscas, estão confirmados 65 mortos e 288 desaparecidos

Em São Paulo e no estado de Minas Gerais, onde se localiza a barragem de Brumadinho que rebentou na passada sexta-feira, o Ministério Público e a polícia levaram a cabo a detenção de cinco engenheiros que prestaram serviços à empresa Vale e atestaram a segurança da instalação.

Segundo o site G1, da Rede Globo, a justiça suspeita de fraude na emissão dos documentos que atestaram a segurança da barragem 1 da Mina do Feijão, cujo rebentamento causou, pelo menos, 65 mortes e o desaparecimento de 279 pessoas na enxurrada de lama.

Os engenheiros Makoto Namba e André Yum Yassuda foram detidos na cidade de São Paulo, na manhã desta terça-feira, levados para a sede da Polícia Civil e deverão ser encaminhados para o estado de Minas Gerais, onde ocorreu a rutura da barragem.

Já no estado de Minas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte, foram cumpridos outros três mandados de prisão e detidos, segundo o jornal Estadão, Paulino Grandchamp, Ricardo de Oliveira e Rodrigo Arthur Gomes de Melo, funcionários da Vale que estariam envolvidos diretamente no licenciamento da barragem.

Segundo informações do portal de notícias G1, a Polícia Federal em São Paulo também participa na operação e cumpre, neste momento, dois mandados de busca e apreensão em empresas que prestaram serviços para a Vale.

Os investigadores apuram se documentos técnicos, feitos por empresas contratadas pela Vale e que atestavam a segurança da barragem que se rompeu, foram manipulados ilegalmente.

As ordens da justiça são de prisão temporária, com validade de 30 dias, e foram expedidas pela Justiça no domingo.

"Colaborando plenamente"

No início da manhã desta terça-feira, a empresa mineira Vale divulgou uma nota a dar conta que está a colaborar com as autoridades para esclarecer os factos.

Referente aos mandados cumpridos esta manhã, a Vale informa que está colaborando plenamente com as autoridades. A Vale permanecerá contribuindo com as investigações para a apuração dos factos, juntamente com o apoio incondicional às famílias atingidas", referiu-se no comunicado da empresa.

Privatizada pelo Governo brasileiro em 1997, a Vale é uma das maiores empresas do Brasil e uma das principais empresas mineiras do mundo, com operações em mais de 30 países.

O ministro da Casa Civil do Brasil, Onyx Lorenzoni, disse, esta terça-feira, que o Governo não vai interferir na direção da mineradora. 

O que o Governo [do Brasil] tem na Vale é uma ação chamada ‘golden share’. Esta posição permite, por exemplo, manter a sede da empresa no país, mas não permite nenhuma interferência na gestão [da Vale] propriamente dita", afirmou o ministro da Casa Civil numa conferência de imprensa organizada após uma reunião interministerial em Brasília.

 

O Governo é apenas um acionista [da Vale] e o papel do acionista é confiar no Conselho de Administração da empresa. Não há condição de haver qualquer grau de intervenção até porque esta não seria uma sinalização desejada ao mercado num país que quer receber parceiros (...) O Governo sabem que tem limitações", acrescentou.

 

A declaração vai contra comentários do Presidente brasileiro em exercício, Hamilton Mourão, que na segunda-feira afirmou que o gabinete de crise criado para tratar do desastre ponderava o afastamento da direção da Vale durante as investigações sobre a rutura da barragem em Brumadinho.

Além de ser a maior exportadora mundial de ferro, Vale é uma das principais produtoras de níquel e outros minerais, como potássio e cobre.

A empresa já esteve envolvida há três anos numa outra catástrofe semelhante ocorrida numa das minas da sua subsidiária Samarco no estado de Minas Gerais, na cidade de Mariana, na qual morreram 19 pessoas após a rutura de uma outra barragem.

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