Há violações de direitos humanos na Guiné Equatorial? CPLP não vai investigar - TVI

Há violações de direitos humanos na Guiné Equatorial? CPLP não vai investigar

Teodoro Obiang, presidente da Guiné Equatorial (Reuters)

Brasil não vai investigar alegados casos de violação dos direitos humanos na Guiné Equatorial quando assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

O Brasil, que vai assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), rejeita que a organização averigue alegadas violações de direitos humanos na Guiné Equatorial para confirmar se o país cumpre os estatutos.

O conselheiro Paulo André Moraes de Lima, chefe da coordenação-geral da CPLP do Ministério das Relações Exteriores brasileiro, respondeu à agência Lusa que "o Brasil acredita que há dentro do sistema internacional de direitos humanos instâncias com competência para isso [monitorização da situação de respeito pelos direitos humanos no país]".

Recentemente, as organizações Conectas Direitos Humanos, brasileira, e EG Justice, norte-americana, exortaram os restantes países da CPLP a fazerem uma investigação 'in loco' sobre as violações de direitos humanos na Guiné Equatorial e a "tomar medidas decisivas".

Desde que o país entrou formalmente para a CPLP, em julho de 2014, a situação dos direitos humanos "piorou", desde logo, com a pena de morte ainda a vigorar no país, apesar de essa ter sido uma das condições para aderir ao bloco lusófono, alertaram as organizações.

O diplomata Moraes de Lima lembrou que o Brasil sempre acreditou que "promove mais e melhores mudanças pela inclusão", daí que o país se tenha juntado ao bloco de países africanos que "eram muito entusiastas" da adesão do país africano à CPLP, ao contrário de Portugal.

"O facto de a Guine Equatorial estar dentro da CPLP ajuda a que possamos efetivamente influir, agora influir não significa interferir", explicou, lembrando o princípio da CPLP de não-ingerência nos assuntos internos de cada país.

Confrontado com o caso da Guiné-Bissau, o diplomata lembrou que "há uma demanda do Governo" - que reconhece que "há uma crise interna e uma situação de instabilidade" - para que "a CPLP esteja presente e contribua", bem como outras entidades, "sempre em coordenação com o Governo".

 

Guiné Equatorial e os interesses económicos

 

A Guiné Equatorial tornou-se, a 23 de julho de 2014, o nono país a ser admitido como Estado-membro da CPLP, juntando-se assim a Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Na altura, o executivo brasileiro foi acusado de considerar apenas interesses económicos e estratégicos.

O facto de o Brasil importar petróleo e gás da Guiné Equatorial e de grandes construtoras estarem presentes naquele país eram apontados por analistas como as principais razões por trás do patrocínio brasileiro.

Estender a influência brasileira no mundo e procurar mais um voto para o Brasil entrar para o Conselho de Segurança das Nações Unidas eram outros motivos referidos.

Em julho último, para assinalar o segundo aniversário da adesão, o Presidente brasileiro, Michel Temer, respondeu à Lusa ser prematuro fazer um balanço dos dois anos, acrescentando: "Creio que teremos de trabalhar por uma dinâmica construtiva, lastreada nos nossos interesses e nos nossos valores".

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