Juiz dá 15 dias para Bolsonaro apresentar provas de fraude eleitoral - TVI

Juiz dá 15 dias para Bolsonaro apresentar provas de fraude eleitoral

  • Agência Lusa
  • CE
  • 22 jun 2021, 07:46
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil

Em causa estão as eleições de 2018, nas quais Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil

Um juiz do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro deu na segunda-feira 15 dias para que o Presidente, Jair Bolsonaro, apresente provas ou informações de fraude ou de irregularidades nas eleições de 2018, nas quais foi eleito.

Além de Bolsonaro, o juiz Luis Felipe Salomão determinou que qualquer autoridade pública que tenha relatado ou que venha a relatar a ocorrência de fraudes nas urnas eletrónicas ou inconformidades no processo eleitoral brasileiro apresente, no prazo de 15 dias, provas ou informações sobre os factos.

Na portaria, Salomão determina a instauração de procedimentos administrativos para investigar a existência ou não de eventuais elementos concretos que possam ter comprometido a segurança do processo eleitoral de 2018 e de 2020, com vista à preparação e ao aperfeiçoamento do sufrágio de 2022.

A portaria cita várias declarações proferidas por Bolsonaro em eventos oficiais, em entrevistas à imprensa e em transmissões em direto nas redes sociais ao longo do último ano. Um dos exemplos foram as afirmações feitas pelo chefe de Estado, em 9 de junho, a apoiantes na cidade de Anápolis, em Goiás.

Eu fui eleito no primeiro turno [primeira volta]. Eu tenho provas materiais disso. Mas a fraude, que existiu, sim, me jogou para o segundo turno. Outras coisas aconteceram e só acabei ganhando porque tive muito voto (...)", transcreveu a portaria, citando Bolsonaro.

O documento cita ainda declarações do ex-candidato presidencial em 2018 Cabo Daciolo e do deputado estadual Castello Branco de Luca, que também serão notificados para prestar esclarecimentos.

De acordo com o juiz, o não esclarecimento de relatos de natureza genérica relativos à existência de fraudes nas eleições "pode macular a imagem da Justiça Eleitoral quanto ao seu dever de garantir a legitimidade dos pleitos".

A portaria foi publicada pelo magistrado no mesmo dia em que deputados se reuniram na sede do TSE com juízes e técnicos do tribunal para discutir o voto impresso.

Bolsonaro quer mudar o sistema eleitoral eletrónico no país, que oferece resposta no mesmo dia do sufrágio e que é usado há mais de 20 anos no Brasil, e substituí-lo pelo voto impresso na urna.

Nesse sentido, o chefe de Estado tem referido, repetidamente, que sem a adoção do voto impresso nas eleições presidenciais do próximo ano, o país poderá ter "um problema seríssimo", como uma "convulsão" social, e já chegou a ameaçar que, se o Congresso não aprovar o voto impresso, não haverá sufrágio em 2022.

No mês passado, o líder da extrema-direita brasileira afirmou que o Brasil é a “única republiqueta do mundo” que aceita o resultado de eleições realizadas com voto eletrónico.

O presidente do TSE, juiz Luís Roberto Barroso, afirmou na segunda-feira que o tribunal adotará todas as medidas necessárias para implementar o voto impresso ainda nas Eleições Gerais de 2022, caso uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) seja aprovada pelo Congresso Nacional.

Contudo, na visão do magistrado, a adoção do voto impresso representa o retorno das fraudes no processo eleitoral.

Segundo Barroso, a implementação do voto impresso seria, na verdade, o advento do “voto fraudável”, e, dessa forma, o magistrado disse esperar que o Plenário da Câmara dos Deputados não o aprove.

Ninguém ache que se está criando um novo mecanismo de auditoria. Está-se criando um novo argumento para potencializar o risco de fraude”, advertiu.

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