Lula da Silva não se recandidata, mas rejeita outro presidente como Bolsonaro - TVI

Lula da Silva não se recandidata, mas rejeita outro presidente como Bolsonaro

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  • 20 mai 2020, 19:21
Lula da Silva

Lula da Silva criticou a posição do atual presidente do Brasil em relação ao combate à pandemia da Covid-19, que tem estimulado a população a regressar ao trabalho e criticado as medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos

O ex-presidente brasileiro Lula da Silva afastou a possibilidade de se recandidatar nas eleições previstas para 2022, mas disse que quer impedir que o Brasil tenha outro chefe de estado como Jair Bolsonaro, atual mandatário do país.

Tenho repetido que, quando chegar em 2022, eu vou estar com 77 anos de idade. Eu não tenho porque ser candidato a Presidente. Eu já fui. O que eu não vou deixar é esse país voltar a ter um Presidente da 'qualidade' do Bolsonaro", escreveu o histórico líder do Partidos dos Trabalhadores na rede social Twitter, na noite de terça-feira.

"O Bolsonaro poderia ter chegado e dito às pessoas: 'Olha, eu não tenho a solução, não tenho a vacina. Mas vamos ter cuidado, nos cuidar, conversar para preservar os empregos'. Era o que esperava de um chefe de Estado preocupado com 210 milhões de pessoas", indicou ainda o antigo mandatário, acrescentando que "se não fosse o coronavírus", já "estaria na rua gritando 'Fora Bolsonaro'".

Lula da Silva referia-se à posição do atual presidente em relação ao combate à pandemia de Covid-19, que tem estimulado a população a regressar ao trabalho e criticado as medidas de isolamento social decretadas por governadores e prefeitos.

Para Bolsonaro, que está mais preocupado com a paralisação económica do país, a covid-19 "infetará 70% da população mais cedo ou mais tarde" e "matará muitas pessoas", independentemente das medidas de confinamento adotadas.

O ex-presidente admitiu ter "consciência" de que "poderia ter feito mais" enquanto liderou o país sul-americano por quase uma década, motivo pelo qual diz ter tentado a reeleição em 2018: “É um processo de aprendizagem. Se você olhar 10 anos atrás, sempre tem coisa que você poderia feito diferente. E melhor", defendeu.

O antigo chefe de estado foi condenado em dois processos por corrupção e tem pelo menos sete outras investigações contra si. Esteve preso durante 580 dias, tendo sido colocado em liberdade em novembro passado.

Lula da Silva sempre negou todas as acusações e diz ser vítima de perseguição judicial executada por pessoas que têm ambições políticas.

A condenação retirou o político brasileiro da eleição presidencial realizada em 2018, quando era o candidato favorito da população, segundo as sondagens realizadas à época, no sufrágio que resultou na eleição de Bolsonaro.

Apesar de estar em liberdade condicional, Lula continua impedido de disputar eleições, por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa, lei que proíbe qualquer pessoa condenada em duas instâncias da Justiça de disputar cargos públicos. 

Em entrevista à revista Carta Capital na terça-feira, Lula comentou a atual situação do país, afirmando que o surgimento da pandemia provocada pelo novo coronavírus foi positiva para alertar o governo de Jair Bolsonaro sobre a importância de um Estado forte para conter o avanço da crise económica. 

O que eu vejo? Quando eu vejo essas pessoas acharem que tem que vender tudo o que é público, que tudo o que é público não presta nada... Ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus, porque esse monstro está permitindo que os cegos enxerguem, que os cegos comecem a enxergar, que apenas o Estado é capaz de dar solução a determinadas crises", disse. 

O Brasil totaliza 17.971 óbitos e 271.628 pessoas diagnosticadas com covid-19 desde o início da pandemia, informou o executivo na terça-feira, dia em que o país ultrapassou pela primeira vez a barreira dos mil mortos diários.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 323 mil mortos e infetou quase 4,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,8 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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