OMS incentiva masturbação e homossexualidade em crianças, diz Bolsonaro - TVI

OMS incentiva masturbação e homossexualidade em crianças, diz Bolsonaro

OMS incentiva masturbação e homossexualidade em crianças, diz Bolsonaro

Presidente do Brasil usou informação falsa para fazer post no Facebook na tentativa de descredibilizar a Organização Mundial da Saúde, entretanto a publicação desapareceu da página de Bolsonaro

Jair Bolsonaro, o presidente do Brasil, voltou a insurgir-se contra a Organização Mundial da Saúde, desta vez através das redes sociais.

Essa é a Organização Mundial da Saúde que muitos dizem que devo seguir no caso do Coronavírus. Deveríamos então seguir também as suas diretrizes educacionais?", assim começa uma publicação que Bolsonaro fez no Facebook, na madrugada desta quinta-feira.

Ao longo do texto, o presidente apresenta uma lista de conselhos de educação para crianças dos 0 aos 4 anos, alegadamente lançados pela OMS: "Satisfação e prazer ao tocar o próprio corpo, masturbação; Expressar as suas necessidades e desejos, por exemplo no contexto de brincar aos médicos; as crianças têm sentimentos sexuais mesmo na primeira infância".

O objetivo era claramente descredibilizar a Organização Mundial da Saúde, por isso a lista continuou até encerrar a publicação com dicas para crianças entre os 4 e os 6 anos: "uma identidade de género positiva, gozo e prazer ao tocar o próprio corpo; masturbação na primeira infância".

Bolsonaro insinua que a OMS não só incentiva a masturbação em crianças, como a homossexualidade (através da identidade de género), de maneira a tentar mostrar que a Organização Mundial da Saúde não é uma instituição credível, pelo que não deve ser ouvida nas considerações que faz em relação à Covid-19.

A verdade é que o plano de Jair Bolsonaro nas redes sociais foi mal sucedido, isto porque, voluntária ou involuntariamente, o presidente serviu-se de fake news para tentar atacar a organização liderada por Tedros Adhanom.

Os conselhos para a educação de crianças que o presidente atribui à OMS, e que transcreveu no post, existem de facto, fazem aliás parte de um guia publicado em 2010. Contudo, o texto não é dirigido a crianças, mas sim aos pais, com o objetivo de ajudá-los na educação dos filhos. Para a OMS, e de resto para grande parte da comunidade científica, as crianças com poucos anos de idade têm curiosidade em relação ao próprio corpo, é naquela altura que começam a desenvolver a identidade de género, a descobrir o físico, sendo normal que toquem os órgãos sexuais e os mostrem a outras crianças ou adultos. Precisamente por isso, a OMS lançou um guia para esclarecer os pais e para os tranquilizar, não para incentivarem os filhos às práticas de descoberta do corpo, tendo em conta que esse é um processo natural.

Ou porque se consciencializou do erro que cometeu, ou porque foi levado a isso, Jair Bolsonaro apagou a publicação pouco tempo depois de a lançar. Ainda assim, foi tarde de mais para evitar que as declarações do presidente conservador fizessem eco nos quatro cantos do mundo, sobretudo porque, mesmo contra as evidências da ciência, esta não é a primeira vez que Bolsonaro ataca a OMS e o seu diretor-geral.

Desde o início da pandemia, o Brasil já registou 80.246 casos positivos de Covid-19, dos quais resultaram 5.541 mortos.

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