Pelo menos 12 pessoas foram assassinadas nos últimos dois dias em Manaus, no estado brasileiro do Amazonas. A cidade tem registado uma escalada de violência que as autoridades relacionam com o motim que ocorreu numa prisão nas proximidades. É que durante o motim, que fez quase 60 mortos, 184 presos conseguiram fugir e destes apenas 65 foram capturados.
Só nesta madrugada, pelo menos quatro pessoas foram assassinadas em Manaus, segundo os dados da polícia do Amazonas.
De acordo com a imprensa brasileira, que teve acesso aos registos da Polícia Militar, num dos casos mais violentos, a vítima foi assassinada com cerca de 30 tiros. Os documentos descrevem que o jovem de 21 anos estava na sua residência, na zona leste da capital, quando oito homens saíram de um matagal e o atacaram.
Um outro caso, na zona norte da cidade, descreve o homicídio de um homem de 23 anos, quando este estava em casa com o filho, de três. Dois indivíduos invadiram a residência e começaram a disparar. O homem morreu no local e a criança foi baleada na cabeça e levada para um hospital da região.
A polícia acredita que esta onda de violência está diretamente relacionada com o motim no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, a maior prisão do estado do Amazonas, que ocorreu na segunda-feira.
Durante o motim, que durou 17 horas e fez 56 mortos, 184 reclusos conseguiram fugir da prisão através de túneis. E até agora, segundo informou o comité de Crise do Sistema de Segurança Pública do Brasil, na quinta-feira, apenas 65 dos fugitivos foram capturados. Ou seja, há ainda 119 presos a monte.
Apesar das suspeitas da polícia, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, informou, em comunicado, que as mortes estão a ser investigadas e que, para já, não há ligações diretas ao motim.
Na origem do motim esteve a guerra entre os dois maiores cartéis de tráfico de droga do país, o Primeiro Comando e a Família do Norte.
O presidente do Brasil, Michel Temer, só se pronunciou sobre o incidente na quinta-feira, considerando que se tratou de um "acidente pavoroso". Temer falou sobre o Plano Nacional de Segurança, que está em discussão no país, e anunciou novas medidas para garantir uma maior segurança nos estabelecimentos prisionais.