Já desertaram mais de 400 militares venezuelanos, 80 em apenas 24 horas - TVI

Já desertaram mais de 400 militares venezuelanos, 80 em apenas 24 horas

Venezuela - confrontos em Caracas

São já 411 os militares que já atravessaram a fronteira abandonando o regime de Nicolás Maduro à procura de refúgio na Colômbia

Cerca de 85 militares venezuelanos atravessaram a fronteira e entraram na Colômbia nas últimas 24 horas. Somando àqueles que já o tinham feito, desde 23 de fevereiro, são já 411 no total. O anúncio foi feito por fontes oficiais venezuelanas. 

A maioria destes militares apresentou-se na delegação regional de migração da Colômbia, cuja capital é Cúcuta, e que abriga a principal fronteira com a Venezuela.

O canal televisivo do país NTN24, tem conseguido falar com alguns militares que já atravessaram a fronteira e desertaram a Venezuela, abandonando assim o regime de Nicolás Maduro, à procura de refúgio na Colômbia. Edgar Torres, um desses militares, rompeu a fronteira com um tanque e disse que o fez numa tentativa de permitir que a ajuda humanitária internacional entre no país.

Atravessei a ponte com o tanque para abrir caminho, sair da Venezuela e deixar a ajuda humanitária entrar" e confessou que só não seguiu caminho porque "atropelei uma mulher, saí e prestei-lhe os primeiros socorros".

 

Edgar Torres confessou ainda que existe um grande "descontentamento" entre as forças armadas e que muitos "estão a passar por necessidades, estão a passar fome".

Um outro militar entrevistado pela NTN24 admite que a maioria dos militares "querem uma mudança" mas que é preciso "muito coragem" para sair do país e atravessar a fronteira.

Alguns destes militares chegam à Colômbia fardados e armadas, enquanto outros o fazem à civil e, por vezes, acompanhados pelas suas famílias.

As forças militares começaram a desertar a Venezuela no sábado, dia 23 de fevereiro, quando um grupo de voluntários tentaram entrar no país, através das fronteiras da Colômbia e do Brasil, com a ajuda humanitária para aliviar a crise que se tem vivido no país.

A crise política na Venezuela agravou-se a 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Juan Guaidó reúne-se quinta-feira com Bolsonaro

Juan Guaidó, presidente interino da Venezuela, vai encontrar-se com Jair Bolsonaro, na quinta-feira, em Brasília, no Brasil.

Segundo a agência de notícias Efe, está prevista um reunião entre Guaidó e Bolsonaro, que tem apoiado a Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pela oposição desde que, em janeiro, afirmou que Nicolás Maduro era um "usurpador" do poder.

Jair Bolsonaro, que assumiu a 1 de janeiro a presidência brasileira, acredita que a Venezuela vive numa "ditadura" e reiterou o seu total apoio à Assembleia Nacional enquanto "órgão constitucional eleito democraticamente".

Guaidó nomeia "PGR" com autorização do parlamento

Juan Guaidó anunciou, esta quarta-feiram que nomeou o advogado José Ignacio Hernández como "procurador especial da República" após aprovação no parlamento.

Tornámos oficial a nomeação de José Ignacio Hernández como procurador especial da República. O nosso país tem agora um representante honesto, empenhado e sem escolha partidária ao serviço da Procuradoria", disse o presidente interino da Venezuela numa publicação na sua conta no Twitter.
 

Continue a ler esta notícia