Boris Johnson perde maioria no parlamento britânico - TVI

Boris Johnson perde maioria no parlamento britânico

  • CE
  • 3 set 2019, 16:57

Phillip Lee, deputado do Partido Conservador, decidiu deixar oficialmente o partido trocando-o pelos Liberais Democratas

Por um se ganha e por um se perde. Foi isso que aconteceu com Boris Johnson. O primeiro-ministro britânico perdeu esta terça-feira a maioria parlamentar depois de um dos seus deputados se ter mudado para os Liberais Democratas. 

Eu cheguei à conclusão que não é possível defender os interesses da constituição e do país enquanto membro do Partido Conservador", escrever Phillip Lee numa publicação na rede social Twitter, na qual deixou uma carta dirigida a Boris Johnson.

 

Este governo Conservador está a procurar agressivamente um Brexit prejudicial e de uma forma sem princípios. Está a colocar vidas e meios de subsistência em risco desnecessariamente e está a colocar em risco a integridade do Reino Unido. De forma mais generalizada, está a prejudicar a economia, a democracia e o papel do nosso país no mundo, usando manipulação política, intimidação e mentiras", acusou o deputado.

Os Liberais Democratas estão a "construir a força política unificadora e inspiradora necessária para curar as nossas divisões, estimular os nossos talentos, preparar-nos para aproveitar as oportunidades e superar as dificuldades, desafios que enfrentamos como sociedade - e deixar o nosso país e mundo em melhor condições para as próximas gerações", sustentou.

Phillip Lee levantou-se atravessou a Câmara dos Comuns e foi sentar-se junto dos Liberais Democratas, mal o primeiro-ministro inglês começou o discurso sobre o encontro dos G7. 

Jo Swinson, líder dos Liberais Democratas, numa reação da rede social Twitter, deu as boas-vindas a Phillip Lee e disse que se juntou ao partido numa altura crucial: "Estou ansiosa para trabalhar contigo e evitar um Brexit desastroso".

Nas proximidades do parlamento britânico está a decorrer uma manifestação contra Boris Johnson e contra a saída do Reino Unido da União Europeia. 

Boris Johnson passa assim a ter um Governo minoritário, com apenas 319 assentos, se forem somados os 309 deputados do partido Conservador e os 10 dos aliados do Partido Democrata Unionista (DUP).

Na oposição estão os 245 deputados do partido Trabalhista, 35 do partido Nacionalista Escocês (SNP), 13 Liberais Democratas, cinco do Grupo Independente para a Mudança, quatro do partido nacionalista galês Plaid Cymru e um do partido Verde.

Para estas contas não contam o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, que é por inerência neutro, e a vice-presidente Eleanor Laing, que são conservadores e não votam, tal como as duas vice-presidentes trabalhistas da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle e Rosie Winterton".

A “deserção” de Philip Lee coincide com a entrada em funções de Jane Dodds, que foi eleita em agosto em Brecon and Radnorshire pelos Liberais Democratas, "roubando" o lugar ao conservador Chris Davies.

Acontece também no mesmo dia em que um grupo de deputados de diferentes partidos, incluindo conservadores, vai pedir um debate de emergência na Câmara dos Comuns para introduzir um projeto de lei que pretende descartar um Brexit sem acordo a 31 de outubro.

O Governo terá ameaçado deputados "rebeldes" com a expulsão do partido e o impedimento de se recandidatarem nas próximas eleições legislativas.

Boris Johnson considera legislação que impõe adiamento uma “rendição” a Bruxelas

O projeto de lei para impor um adiamento do ‘Brexit' se o Governo não negociar com Bruxelas um novo acordo de saída é uma "rendição" à União Europeia (UE), afirmou hoje o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.

Este não é um projeto de lei em qualquer sentido normal da palavra. Não tem precedentes na nossa história. É um projeto de lei que, se for aprovado, me obrigaria a ir a Bruxelas e implorar uma extensão. Obrigar-me-ia a aceitar quaisquer termos oferecidos", alegou, numa declaração na Câmara dos Comuns.

O primeiro-ministro chamou à proposta legislativa a "Lei de Rendição de Jeremy Corbyn" e acrescentou: "Nunca renunciarei ao controlo das negociações da maneira que o líder da oposição exige".

Porém, embora tenha dito que nunca pedirá um adiamento do ‘Brexit' "em nenhumas circunstâncias”, numa resposta à deputada trabalhista Angela Eagle, admitiu que teria de aceitar o que for determinado pela lei.

Claro que respeitaremos a constituição e o Estado de Direito", garantiu.

Uma moção para um debate de emergência vai ser apresentada esta terça-feira visando introduzir um projeto de lei que pretende descartar um ‘Brexit' sem acordo a 31 de outubro.

O texto exige que, até 19 de outubro, o primeiro-ministro britânico seja obrigado a dar aos deputados as opções de aprovar um acordo de saída ou de aprovar uma saída sem acordo, caso contrário terá de pedir uma nova extensão da data de saída até 31 de janeiro.

A proposta é liderada pelo deputado trabalhista Hilary Benn mas subscrita por vários conservadores como Oliver Letwin e Philip Hammond.

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