Nigel Farage acusa Boris Johnson de beneficiar oposição ao polarizar votos eurocéticos - TVI

Nigel Farage acusa Boris Johnson de beneficiar oposição ao polarizar votos eurocéticos

  • HMC
  • 13 nov 2019, 19:12
Nigel Farage, líder do UKIP, e que fez campanha pelo Brexit, na reação ao resultado do referendo

Farage argumentou que em algumas áreas tradicionalmente dominadas pelo ‘Labour, o seu partido é o único que tem hipóteses de vencer

O líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, acusou esta quarta-feira o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de colocar "o partido antes do país" e de polarizar o voto dos eleitores eurocéticos nas legislativas de 12 de dezembro, arriscando beneficiar os Trabalhistas.

Sob aplausos de algumas dezenas de militantes num comício num ginásio de boxe em Hainault, no leste de Londres, Farage argumentou que em algumas áreas tradicionalmente dominadas pelo ‘Labour, o seu partido é o único que tem hipóteses de vencer.

Quem está a arriscar polarizar o voto é o Partido Conservador, não é o Partido do Brexit. Deveria renunciar nesse locais", vincou, alegando a necessidade de o partido seguir representação parlamentar para "lembrar Boris das suas promessas" de concretizar o ‘Brexit'.

 

Em declarações à agência Lusa, Tom Bewick, candidato no círculo de Dagenham e Rainham, concorda: "O Partido Conservador deveria reconhecer que em alguns destes sítios nunca ganhou. Concorrer ao mesmo tempo que o Partido do Brexit pode deixar passar o partido Trabalhista pelo meio".

Este antigo vereador do partido Trabalhista tem esperança em conseguir superar o candidato do ‘Labour', Jon Cruddas, um opositor do ‘Brexit' apesar de 62% dos eleitores em Dagenham terem votado a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de 2016.

Cruddas é deputado desde 2001 graças ao apelo junto da classe operária, alinhando com a ala esquerda do partido e contrariando a liderança em questões como as propinas universitárias, apesar de resultados disputados de perto com os conservadores, UKIP e o British National Party, de extrema-direita, que entretanto desapareceu do mapa político britânico.

Depois de ter decidido recuar e retirar 317 candidatos para favorecer o Partido Conservador, Farage está sob pressão para desistir em mais dezenas de círculos eleitorais e ajudar Boris Johnson a conseguir uma maioria absoluta.

O prazo para formalizar as candidaturas acaba na quinta-feira e o empresário Arron Banks incitou o companheiro de longa data a "salvar o ‘Brexit'".

Mas o eurodeputado garantiu que não se vai deixar "intimidar" e, numa referência a notícias de que teria recusado a oferta de um título de lorde, afirmou: "Não estou à venda, tenho princípios".

Esta atitude desafiadora de Farage faz a audiência aplaudir e gritar com palavras de apoio, agitando bandeiras e levantando cartazes onde se lê "Mudar a Política para Melhor", distribuídos por ativistas antes do início do comício.

Entre as várias dezenas de pessoas que se deslocaram a meio da tarde ao edifício situado numa zona industrial de Hainault estava Heather, reformada de 59 anos, uma estreante em eventos do Partido do Brexit.

Sinto-me desiludida com os últimos três anos. Isto já devia ter sido resolvido", disse à Lusa esta residente de Chingford, cujo deputado é o conservador e eurocético Iain Duncan Smith, mas em quem Heather recusa votar devido ao seu legado como ministro do Trabalho (2010-2016).

"Ele destruiu o sistema de subsídios sociais e atacou as pessoas mais vulneráveis", criticou, lamentando que o Partido do Brexit se tenha retirado na sua zona.

Ao lado, John, também reformado de 73 anos, é um membro do partido eurocético UKIP há mais de 20 anos e um veterano das campanhas contra a UE e está determinado em que a deputada trabalhista Margaret Hodge seja derrotada em Barking.

Porém, também não está disposto a trocar o Partido do Brexit pelo Partido Conservador, uma desconfiança partilhada por Kyle, de 18 anos.

Este residente de Romford, onde 69% dos eleitores votaram pela saída da UE em 2016, uma das percentagens mais elevadas do país, defende que Boris deveria ter retribuído o gesto de Farage e retirado candidatos em algumas áreas mais eurocéticas.

Nunca votarei no partido Conservador. Eles quebraram muitas promessas", acusou.

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