Afeganistão: presidente abandonou o país. Talibãs querem o poder e entram em Cabul - TVI

Afeganistão: presidente abandonou o país. Talibãs querem o poder e entram em Cabul

  • PP/com Lusa (atualizado às 16:47)
  • 15 ago 2021, 16:25

Agências internacionais avançam que talibãs já entraram na capital, Cabul. A cidade vive uma situação de pânico

O presidente Ashraf Ghani abandonou o Afeganistão, este domingo, segundo informações avançadas pelo ex-vice-presidente do país Abdullah Abdullah e por dois responsáveis das autoridades afegãs. Entretanto, os talibãs entraram em Cabul e assumiram o controlo do Palácio Presidencial.

A agência France-Presse AFP noticiou que Ghani saiu do país citando o antigo vice-presidente Abdullah Abdullah, tendo esta informação sido corroborada à Associated Press (AP), sob anonimato, por dois responsáveis afegãos, um deles membro do gabinete do ex-presidente Hamid Karzai e o outro um assessor do conselho de segurança afegão.

"O ex-presidente afegão deixou o país", disse Abdullah, que é também o chefe do Conselho Superior para a Reconciliação Nacional, num vídeo publicado na rede social Facebook.

Segundo a AP, Ghani abandonou o país acompanhado do seu Conselheiro de Segurança Nacional, Hamdullah Mohib, e de um outro responsável próximo. Não é ainda certo para onde terão ido.

Segundo a agência EFE, os talibãs já entraram em Cabul, apesar das garantias iniciais de que só avançariam para o interior da capital afegã após uma transição pacífica de poder. A agência testemunhou a presença dos insurgentes na cidade.

Os talibãs divulgaram, entretanto, que entraram na capital afegã para controlar possíveis situações de roubo e de pilhagem após o recuo e a fuga das forças de segurança governamentais afegãs.

"Para evitar atos de pilhagem em Cabul e para evitar que os oportunistas prejudiquem o povo, o Emirado Islâmico [como os talibãs se autodenominam] ordenou às suas forças que entrassem nas áreas de Cabul de onde o inimigo saiu”, referiram os insurgentes num comunicado.

Entretanto, a agência Reuters avança que os extremistas entraram no Palácio Presidencial e assumiram o controlo do espaço.

A situação é de pânico na capital, com as autoridades afegãs a pedir a todos os funcionários públicos que deixem os seus empregos e regressem a casa, enquanto lojas e bancos estão fechados, com o trânsito paralisado por grandes engarrafamentos de trânsito.

Um porta-voz do movimento dos talibãs tinha dito à BBC que pretendiam assumir o poder no Afeganistão "nos próximos dias" através de uma transição "pacífica".

"Nos próximos dias queremos uma transferência pacífica" de poder, disse Suhail Shaheen, porta-voz de um grupo envolvido nas negociações, baseado no Qatar.

Suhail Shaheen delineou os planos políticos dos talibãs para um regresso do movimento islâmico radical ao poder, 20 anos após ter sido expulso pelas forças internacionais na sequência dos ataques de 11 de setembro.

"Queremos um governo islâmico inclusivo, o que significa que todos os afegãos estarão representados neste governo", assegurou Suhail Shaheen.

“Falaremos disso no futuro, quando a transição pacífica tiver acontecido”, acrescentou.

Entretanto, a Reuters também avança, citando dois representantes dos talibãs, que o movimento "não vai aceitar um Governo de transição" e que quer "uma completa entrega do poder".

O ministro do Interior afegão, Abdul Sattar Mirzakwal, tinha assegurado numa mensagem televisiva que não haveria ataque em Cabul e que a transição de poderia ser feita pacificamente, de acordo com o canal local Tolo.

Ainda segundo a Reuters, um hospital de Cabul já recebeu, este domingo, pelo menos, 40 pessoas feridas, devido a confrontos nos arredores da capital.

A NATO veio já defender que uma solução política para o conflito no Afeganistão é "mais urgente que nunca".

Segundo uma fonte da organização, citada pelas agências internacionais, a Aliança Atlântica apoia os esforços afegãos para "encontrar uma solução política para o conflito, que é agora mais urgente do que nunca" e manterá a sua presença diplomática em Cabul, que ajustará "conforme necessário".

"A NATO está a avaliar a evolução da situação no Afeganistão numa base contínua. Estamos a ajudar a manter as operações no aeroporto de Cabul para manter o Afeganistão ligado ao resto do mundo", salientou a fonte, acrescentando que "a segurança do pessoal [da organização] é primordial".

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