«O exército tem de escolher entre o Egipto e Mubarak» - TVI

«O exército tem de escolher entre o Egipto e Mubarak»

Egipto inicia greve geral esta segunda-feira. Amanhã oposição quer «um milhão» nas ruas

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Última actualização às 15:46

Os militares egípcios tentam travar a entrada de manifestantes na Praça Tahrir, no centro do Cairo. Mas é uma tarefa quase impossível, num dia em que está a ser feito um apelo aos egípcios para um enorme protesto na capital, que tem objectivo juntar um milhão de pessoas na terça-feira. A partir de hoje, o país foi desafiado a iniciar uma greve geral.

Hosni Mubarak, o último faraó

Várias centenas de manifestantes desafiaram na última noite o recolher obrigatório imposto pelo cada vez mais frágil presidente Hosni Mubarak, que os populares que saíram às ruas querem ver fora do cargo.

Nas imagens mostradas esta manhã pela cadeia televisiva Al Jazeera, é possível ver já uma elevada concentração de pessoas na Praça Tahir, epicentro da contestação no Cairo. Mas mais pessoas continuam afluir em direcção ao centro.

«Jovens, homens, mulheres, crianças», descreveu assim um dos repórteres da Al Jazeera uma das marchas que segue rumo ao local, salientando que esta é uma das «mais organizadas manifestações dos últimos dias». Outro jornalista diz que a população aflui de todos os locais, com os comerciantes a fecharem as lojas para se juntarem aos protestos.

Com os soldados a tentarem, infrutiferamente, controlar as entradas, a população continua a tentar ganhar o apoio dos militares, com quem partilhou comida durante a longa noite de vigília. «O exército tem de escolher entre o Egipto e Mubarak», lê-se numa das tarjas na Praça Tahir descritas pela agência Reuters.

Numa altura em que cada vez mais manifestantes se juntam aos protestos, aumenta também o número de estrangeiros a querem sair do país. Entre eles cidadãos portugueses. Rumo ao país está um avião militar C-130 .

Os ministro do Negócios Estrangeiros da UE também já se reuniram para analisar a situação.

Um governo de unida «para salvar o Egipto»

Entretanto, o movimento que contesta Mubarak, apelou a uma greve geral a partir desta segunda-feira por tempo indeterminado, num país quase paralisado economicamente. A agência Moody's baixou a rating da nação e as operações na bolsa de valores egípcias continuam suspensas, depois de uma queda de 16 por cento na semana passada. O receio de uma corrida aos bancos é outro dos factores que levantam preocupação, numa altura em que as caixas multibanco estão quase sem dinheiro.

Para esta terça-feira, uma semana depois do início dos protestos, o objectivo é realizar uma enorme manifestação com «um milhão» de pessoas.

Apesar dos 138 mortos e milhares de feridos durante as manifestações de contestação ao presidente, Mubarak não dá sinais de que poderá ceder o seu lugar, depois de ter apresentado um novo governo.

Do outro lado da barricada, a oposição vai-se organizando em torno do prémio Nobel da Paz de 2005, Mohamed ElBaradei, que lidera uma coligação que inclui a Irmandade Muçulmana. O objectivo é a formação de um governo de unidade, que permita «salvar o Egipto», nas palavras de ElBaradei.

«Mubarak tem de ir-se embora hoje para que de produza uma transição suave para um governo de unidade nacional que fixe as medidas para eleições livres e justas», disse este domingo à CNN.
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