O Quénia anunciou que pretende fechar “o mais rápido possível” os campos de refugiados no seu território, decisão que coloca em risco mais de 600.000 pessoas. O Governo queniano alega questões de “económicas e ambientais” e de “segurança nacional”, mas a decisão já mereceu a desaprovação de várias organizações não-governamentais.
Os campos de refugiados em questão incluem o de Dadaab, o maior do mundo, que abriga mais de 300.000 refugiados na fronteira com a Somália.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros queniano reconheceu as “consequências adversas” da decisão e referiu a influência do grupo terrorista Al-Shabaab entre os riscos de manter os campos abertos.
GOVERNMENT STATEMENT ON REFUGEES AND CLOSURE OF REFUGEE CAMPS pic.twitter.com/kQVyv1T51G
— National Police (@NPSOfficial_KE) May 6, 2016
O debate sobre os campos de refugiados no Quénia reavivou-se com o massacre na Universidade de Garissa, que vitimou 148 pessoas, levado a cabo por aquele grupo terrorista.
De acordo com as novas diretivas, os refugiados somalis que cheguem ao Quénia já não recebem automaticamente o estatuto de refugiados.
Várias organizações não-governamentais contestam a decisão. Ao The Independent, a Human Rights Watch alega que não há “evidências credíveis” de que haja ligação entre os refugiados somalis e os ataques terroristas no Quénia.
Os Médicos sem Fronteiras classificam a decisão como “negligência flagrante” para com os milhares de refugiados.
Também Muthoni Wanyeki, diretor regional da Amnistia Internacional no leste de África, falou ao jornal britânico, referindo que a “decisão negligente do Governo queniano é uma renúncia do seu dever de proteger os vulneráveis que vai pôr milhares de vidas em risco".
Pode levar ao retorno involuntário de milhares de refugiados para a Somália e para outros países de origem, onde as suas vidas podem ainda estar em perigo. Isto é uma violação das obrigações do Quénia sob a lei internacional", refere.