Invasão de algas em praias mexicanas já está a ameaçar o turismo - TVI

Invasão de algas em praias mexicanas já está a ameaçar o turismo

  • AG
  • 22 jul 2019, 12:36

Problema intensifica-se desde 2011. Desde então que se tem acumulado quantidades nunca antes vistas de sargaço na costa do Sudeste mexicano até a África Ocidental

Conhecida por ser uma zona turística, a cidade de Cancún está a ser totalmente invadida por toneladas de sargaço, uma espécie de macroalga. Por essa razão, as associações hoteleiras já anteciparam uma queda na ocupação dos hotéis a rondar os 10%. O turismo é responsável por cerca de 90% do produto interno bruto da Península do Yucatán, conhecida pelas praias paridisíacas.

O sargaço é um organismo comum em regiões tropicais, que costuma crescer junto das rochas, partindo daí para o oceano. Neste momento, o problema estende-se do Sudeste mexicano até à costa ocidental de África, em quantidades nunca antes vistas.

Os meios de comunicação locais falam em mais de 650 toneladas de sargaço na primeira metade de 2019. Cancún registou a primeira queda no número de visitantes dos últimos seis anos em janeiro de 2018. A cidade mexicana recebeu cerca de um milhão e meio de turistas no primeiro mês do ano passado, menos trezentos mil que no período homólogo de 2017, segundo o Mexico News Daily.

Dados do ministério do turismo mexicano apontam mais 122 mil turistas em Cancún em 2019 do que em 2018, num período compreendido entre janeiro e maio. Mesmo que as estatísticas se confirmem, os números ficam aquém do esperado pela indústria hoteleira.

Os verões costumam ser fracos, mas este ano a queda foi muito mais acentuada, em comparação com o ano passado", disse Mariana Padilla, dona de um café em Tulum, à Bloomberg.

Além de pouco estética, a presença de sargaço nas praias mexicanas afasta os turistas pelo seu mau cheiro. Este tipo de alga liberta sulfureto de hidrogénio à medida que se decompõe, originando um “cheiro a ovo podre”, segundo afirmou Chuanmin Hu, cientista responsável por um estudo publicado na revista Science.

O presidente mexicano, López Obrador, já falou do problema no último mês de junho. Numa conferência de imprensa dada aos meios de comunicação mexicanos, o líder do país desvalorizou a situação. O ministro da marinha mexicana também reagiu: “Costumavam investir muito dinheiro, mas apenas em contratos e meias medidas”.

Não é um assunto delicado, e muito menos um assunto sério. Tem uma solução, e estamos a trabalhar nela”, disse o presidente López Obrador, em junho passado.

Com um investimento que ronda os dois milhões de euros, o governo mexicano instalou infraestruturas que deveriam impedir o sargaço de chegar à praia. MAs, até agora, as tentativas não foram bem sucedidas.

O crescimento desta macroalga nas praias mexicanas já se arrasta desde 2011, mas tem vindo a multiplicar-se com os anos. No estudo publicado na revista Science, a investigadora Chuanmin Hu fala numa alteração química da água, que pode ter consequências ambientais: “Isto está tudo relacionado com as alterações climáticas, porque afeta a precipitação e a circulação do oceano, e até as atividades humanas”.

Segundo o Mexico News Daily, a ocupação hoteleira na Riviera Maya é de 50%, quando costuma rondar os 80% nesta altura do ano. O Top 100 City Destinations 2018 registou cerca de sete milhões de turistas em Cancún no ano de 2017.

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