De um momento para o outro, o debate de anos na Alemanha sobre a legalização do casamento homossexual poderá ser encerrado em poucos dias. A chanceler Angela Merkel, líder da União Democrática Cristã (CDU na sigla original), abandonou a ideia de ter o partido a votar de forma uniforme no Parlamento. A líder alemã disse mesmo ter esperança de que, na próxima votação, os deputados "façam uso do voto consciente".
Numa conferência organizada pela revista Brigitte, Angela Merkel anunciou esta terça-feira uma mudança no seio da CDU, que, enquanto partido, se opunha ao casamento gay. O anúncio deixou surpreendidos alguns deputados homossexuais do próprio partido. Afinal, a chanceler sempre foi vista como o grande empecilho para o casamento gay dentro da União Democrática Cristã.
De acordo com o jornal britânico The Guardian, Merkel apelou a que cada um dos deputados da CDU vote de forma livre, mesmo que vote contra a linha ideológica do partido.
Nos círculos políticos de Berlim, a explicação mais difundida para que Merkel tenha mudado de opinião é a de que ela quer retirar o tema da campanha eleitoral. Tanto os liberais como os verdes e a esquerda, mas também o Partido Social-Democrata (SPD), abordaram o tema "casamento para todos" e colocaram-no mesmo como requisito para participar de uma coligação de governo.
Diante disso, a CDU viu-se obrigada a tomar posição. Ao libertar os deputados para votarem como quiserem, não importa se agora ou na próxima legislatura, Angela Merkel retirou esse trunfo aos outros partidos.
O tema deverá ser votado no parlamento na sexta-feira. Com os votos de SPD, dos verdes, da esquerda, e de mais alguns deputados conservadores, é provável que o casamento homossexual, que é tema de debate há anos, seja aprovado de uma hora para a outra na Alemanha.
A Alemanha é um dos poucos países ocidentais em que a união desta natureza não é ainda legalizada, apesar de a união civil entre casais do mesmo sexo ser permitida desde 2001.