Vítima de bullying torna-se «herói» (vídeo) - TVI

Vítima de bullying torna-se «herói» (vídeo)

Vítima de bullying torna-se «herói»

Ao fim de «anos de intimidação e vergonha» adolescente levantou o agressor ao ar e atirou-o ao chão

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Casey Heynes, um australiano de 16 anos tornou-se, em poucos dias, um «herói» na Internet. E porquê? Ao fim de vários a anos a ser vítima de bullying, um dia reagiu contra o agressor. O vídeo chegou ao Youtube e o mundo «uniu-se» a Casey. «Cheguei a pensar em suicídio», confessa o jovem numa entrevista ao programa de televisão australiano A Current Affair (ACA), da «Nine Network».

Dia 14 de Março poderia ter sido «um dia bom» na escola para Casey, mas Richard Gale, com apenas 12 anos de idade, não pensou da mesma forma. Juntamente com um grupo começou a agredir Casey com murros. Ao mesmo tempo, um dos seus amigos filmava o acto.

O que aconteceu, ninguém esperava. Casey reagiu, pegou no seu agressor, levantou-o no ar e atirou-o ao chão com violência. As imagens são impressionantes, mas Richard apenas ficou magoado numa perna.

Alguém colocou o vídeo de 42 segundos na Internet e, em poucas horas, Casey era «um herói», um «fenómeno. Milhares de pessoas do mundo inteiro, de todas as idades e de ambos os sexos fizeram questão de enviar mensagens de apoio. Fosse pelo Youtube, pelo Facebook ou através de milhões de comentários deixados em centenas de páginas que relataram a história.



Na entrevista que deu Casey recorda aquele momento: «Senti que tudo tinha finalmente acabado». O seu pai confessa que não tinha noção do que o filho sofria. Quando teve conhecimento do incidente, a escola suspendeu os dois jovens.

Quando o agressor também foi vítima

Numa outra entrevista realizado pelo programa Today Tonight, da «Seven Network», foi a vez de Richard Gale, o agressor contar a sua versão. Não nega que no vídeo «é o vilão», mas garante que ali não está a história toda e que foi Casey quem começou «os abusos».

Com apenas 12 anos, Richard é, ele próprio, alvo de muita raiva nos dias que correm. O pai não apoia a atitude do filho, mas com a publicidade que o caso teve teme pelo seu futuro e deseja, apenas, que «o deixem em paz».

É com uma sinceridade desconcertante que Richard assume que «não lamenta» o que aconteceu e diz também ter sido «vítima de bullying» desde a primária.

«Descarga de tensão»

Tânia Paias é psicóloga e responsável pelo portal do bullying, criado em Janeiro de 2010. Conhecedora do fenómeno, afirma que a reacção do jovem «não é comum» e só se explica «por uma descarga de tensão acumulada muitos anos, por intimidação e vergonha».

Perante o fenómeno «Casey», a psicóloga tem uma visão simples: «Todos têm vontade de fazer a mesma coisa, mas acham que não são capazes». E aqui, não há limites de idades, sexo ou nacionalidade.

Do assédio escolar, mais conhecido por «bullying», vai uma pequena distância para outro fenómeno sentido pela população mais adulta, o «mobbing» que se vive no local de trabalho, diz Tânia Paias.

«Há muitas pessoas adultas com estas dificuldades». No fundo, é uma questão de «desequilíbrio de poder mental» e é «o medo que veicula a resposta» ou ausência dela. Muitos «temem ser mal interpretados» nas suas acções se reagirem, explica a psicóloga.

Mas há outro ponto para o qual Tânia Paias chama a atenção: «Há muitas vítimas de bullying que se tornam agressores» e, por isso, defende que a agressividade deve ser trabalhada nos adolescentes. Para que aprendam a «dizer basta» e ganhem «a capacidade de dizer "não" de forma assertiva» sem agressividade.

Criado em Janeiro de 2010, o portal do bullying já recebeu (incluindo Janeiro de 2011) mais de 38 mil visitantes únicos (38 325 no total) e foram visualizadas mais de 772 mil páginas (772 129).
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