Padeiros, uma cadeia de supermercados e distribuidores de congelados estão agora na mira da polícia espanhola, que pretende apanhar boletins e urnas destinados ao referendo sobre a independência da Catalunha, marcado para o próximo domingo e considerado ilegal.
O jornal espanhol El Mundo dá conta que as investigações estão em curso, após a decisão da Procuradoria Geral da Catalunha de mandar a polícia regional, os "Mossos de Esquadra" de selar, vedar e isolar os edifícios escolhidos para a votação até ao próximo sábado.
Terça-feira, o governo regional catalão admitiu ter planeado formas alternativas para realizar o referendo, contra a vontade do executivo espanhol e do Tribunal Constitucional, que o declarou ilegal.
A polícia crê agora, segundo revela o jornal El Mundo, que os promotores do referendo sobre a independência da Catalunha tentarão usar veículos de distribuição de géneros alimentícios para distribuir urnas e boletins de voto.
Os materiais, crê a polícia espanhola, estarão guardados perto de Barcelona em vários locais, para evitar que numa só operação possam ser totalmente apreendidos.
Revolta da polícia
Esta quarta-feira, foi conhecido que o Tribunal Superior da Catalunha rejeitou uma petição da Generalitat, o governo autonómico catalão, para evitar que seja o ministério do Interior espanhol a assumir a coordenação dos "Mossos de Esquadra".
A polícia catalã estará assim, pelo menos até domingo, sob as ordens da secretaria de Estado da segurança. Segundo a agência noticiosa EuropaPress, será o coronel Diego Pérez de los Cobos a assumir o papel de coordenador, tentando conjugar esforços entre as polícias espanhola, catalã e a Guardia Civil para evitar a realização do referendo.
Além da contestação do próprio governo catalão, a subordinação à chefia de Madrid também não é aceite pelos comandantes dos "Mossos de Esquadra".
Que ninguém se engane. A missão principal dos Mossos, guardas civis e polícias é de garantir direitos, não impedir o seu exercício", escreveu no Twitter, Pere Soler, o director da força de segurança catalã.
Bon dia.Que ningú s'equivoqui la missió ppal de les policies @mossos @guardiacivil @policia és garantir Drets, no impedir ne el seu exercici
— Pere Soler i Campins (@solercampins) 27 de setembro de 2017
Já antes, escrevendo também em língua catalã, Pere Soler tinha sido afirmativo em garantir que "os Mossos de Esquadra não aceitam colocar-se sob as ordens do Estado".
Els Mossos d'Esquadra 'no accepten' posar-se sota les ordres de l'Estat https://t.co/k04e79ekcX @mossos
— Pere Soler i Campins (@solercampins) 23 de setembro de 2017
A revolta da polícia catalã deverá voltar a ficar patente esta quarta-feira, quando formalmente for comunicado ao comissário dos Mossos de Esquadra, Josep Lluìs Trapero, a ordem para selarem e vedarem todos os locais previstos para votação.
O jornal digital Republica adianta que Josep Lluìs Trapero deverá simplesmente comunicar ao procurador-geral da Catalunha ser "materialmente impossível" selar, vedar e isolar os muitos locais previstos para votar no referendo sobre a independência da Catalunha, proibido pela justiça espanhola.