A polícia municipal de Barcelona estimou este domingo em 300 mil o número de pessoas que se manifestou pela unidade de Espanha, enquanto os organizadores da Sociedade Civil Catalã indicavam que seriam cerca de 1,3 milhões.
A grande concentração de pessoas, que recusaram a independência da Catalunha e pediram a prisão para os dirigentes separatistas chefiados pelo presidente do Governo regional, Carles Puigdemont, demitido por Madrid, encheu por completo as avenidas do centro de Barcelona.
A convocação foi feita pelo movimento cívico Sociedade Civil Catalã e teve como lema "Todos somos Catalunha! Pela convivência, sensatez".
Na cabeça da manifestação, que começou às 12:00 locais (11:00 em Lisboa). estiveram a ministra da Saúde espanhola, a catalã Dolors Montserrat, em representação do Governo de Madrid, e os líderes regionais dos principais partidos que lutam contra a divisão de Espanha.
Os milhares de pessoas que se concentraram no centro de Barcelona pediram a Unidade de Espanha e a prisão dos dirigentes separatistas destituídos por Madrid, acusando-os de terem enganado e dividido o povo da região mais rica do país.
A Justiça tem de decidir, mas eu acho que o [líder separatista Carles] Puigdemont devia ir para a prisão, assim como todos os que colaboraram nesta farsa”, disse à agência Lusa Rafael, de 50 anos, acompanhado pela família, que veio defender a “unidade de Espanha.
Os manifestantes mostraram cartazes com frases como “Catalunha é minha terra, Espanha é meu país” e os manifestantes pedem a prisão de Puigdemont, gritando “Puigdemont a prisión”.
DIRECTO | "No nos engañan Cataluña es España". Faltan 45 minutos para el inicio de la marcha https://t.co/JCTCkqKlFo pic.twitter.com/c2eYdDHWzd
— EL PAÍS (@el_pais) 29 de outubro de 2017
"Protesto por causa de uma situação surrealista que estamos a viver há vários meses", disse à agência Lusa Miguel, de 34 anos, com a bandeira espanhola aos ombros, acrescentando que o presidente do Governo regional demitido "devia ir para a prisão" pelas "mentiras que andou a dizer", assim como os outros dirigentes separatistas.
"Organizámo-nos tarde, mas estamos aqui para mostrar que há uma maioria de catalães que já não fica em silêncio e já não quer ser silenciada", disse aos jornalistas Alexandre Ramos, um dos organizadores da concentração.
En directo desde Barcelona desde la manifestación de apoyo a la Constitución española https://t.co/HOfYsOsJlx
— EL MUNDO (@elmundoes) 29 de outubro de 2017
Desde o início da manhã, vários grupos de pessoas com bandeiras espanholas e da comunidade autónoma da Catalunha passeavam pelo centro de Barcelona à espera do início da manifestação.
"Este momento não é para viver numa realidade paralela. É tempo de ir para a rua e organizar eleições", disse o líder do Cidadãos, Albert Rivera quando se dirigia para a cabeça da concentração.
Os organizadores afirmam que pretendem defender a democracia, a convivência e o diálogo dentro da lei.
O parlamento regional da Catalunha aprovou, na sexta-feira, a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional e deixou bandeiras espanholas nos lugares que ocupavam.
Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao Governo para aplicar o artigo 155 da Constituição para restituir a legalidade na região autónoma.
O executivo de Mariano Rajoy, do Partido Popular (direita), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o Governo catalão, entre outras medidas.
Em resposta, no sábado, o presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse não aceitar o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma "oposição democrática", numa declaração oficial gravada previamente e transmitida em direto pelas televisões.
De acordo com a primeira sondagem publicada este domingo no jornal El Mundo, os partidos independentistas atuais não vão conseguir ter a maioria necessária para formar governo na Catalunha nas próximas eleições regionais, marcadas para 21 de dezembro.