«Não é o fim do mundo» - TVI

«Não é o fim do mundo»

Bjorn Lomborg com Al Gore (foto www.lomborg.com)

Bjorn Lomborg é conhecido como o ambientalista céptico, optando por criticar a «histeria que rodeia a questão do aquecimento global». Também não fala em embuste, antes pretende encontrar um meio termo na discussão, criticando Al Gore. Em entrevista exclusiva ao PortugalDiário lembra que existem problemas bem mais graves para resolver. São as ideias dele contra o resto do mundo

No mundo não existem apenas aqueles que defendem as ideias de Al Gore. O dinamarquês Bjorn Lomborg arrisca-se mesmo a criticar o que considera ser uma «histeria colectiva» em relação ao aquecimento global. «Sim, existe um problema, mas não é o fim do mundo, não é uma catástrofe, embora seja algo que temos de resolver», frisou em entrevista telefónica exclusiva ao PortugalDiário, desde a Califórnia, onde está a promover o seu novo livro: «Cool It, the skeptical environmental guide to global warming».

Nesta abordagem céptica, Bjorn tem levantado questões politicamente incorrectas, suscitando um aceso debate nos media americanos. Foi convidado da Fox News, do comediante Stephen Colbert, da cadeia de rádio NPR ou da prestigiante revista Salon, entre outros, nunca deixando de vincar uma ideia: «Existem outros problemas bem mais graves para resolver, como a malária, a sida ou a má nutrição. Ninguém vai conseguir encontrar uma solução para o aquecimento global nos próximos cinco ou dez anos. Talvez dentro de 50 ou 100. É algo que temos de ter em atenção, mas não com as medidas que têm sido implementadas».

Crítico do Protocolo de Quioto, tem ocupado o palco mediático nos últimos anos, com apresentações importantes e argumentos relevantes. Assegura que não escreve este novo livro para responder aos que o criticaram em 2001, quando lançou o seu mais conhecido texto («O ambientalista céptico»). «Existem novos dados que só vêm reforçar a minha ideia. As respostas ao problema do aquecimento global são muito fracas, por isso lanço o repto de tentarmos ter uma outra abordagem. E se proporcionarmos uma boa vida a mais pessoas, tratando as doenças, fornecendo comida, não haverá maior equilíbrio em todo o planeta?».

Nova consciência ambiental

«Cool it» é uma expressão feliz, que não tem tradução imediata para o português. Pelo menos não de forma tão eficaz. No fundo, Lomborg pretende dizer às pessoas para relaxarem, mas também para arrefecerem os seus ânimos nesta questão do aquecimento global.

«Não tem de haver uma histeria, nem pode haver uma negação absoluta de algo que é real. Existe um problema, que temos de resolver, mas não é tão grave como está a ser transmitido. Temos de encontrar uma base mais moderada para enfrentar esta situação e com certeza que não será através de sanções. Essas medidas provaram ser insuficientes e os países só estão a gastar mais dinheiro, quando poderiam encontrar outro tipo de soluções», vincou.

Lançar o livro nos Estados Unidos é uma óbvia estratégia de marketing, mas Bjorn desmente a ideia de que lhe seja mais favorável apresentar estas ideias num país liderado por conservadores altamente cépticos em relação à discussão do aquecimento global: «É óbvio que olhámos para a América como o maior mercado para a publicação de um livro com uma temática muito específica. Esta semana já estarei em Londres e vou percorrer outros países europeus, porque considero que a mensagem tem de ser transmitida ao maior número de pessoas possível».

«Liberal, vegetariano e antigo membro da Greenpeace», este dinamarquês de 42 anos está decidido a desenvolver uma nova consciência ambiental, bem mais moderada do que a existente em certas facções. «É preciso perceber que já falhámos algumas vezes na abordagem a este tema e temos de encontrar outras saídas. A histeria nunca resolveu nenhum problema e certamente não o vai fazer também desta vez», referiu, deixando bem explicita a sua visão.



«É claro que tem de haver uma visão económica, mas também ambiental, porque o dinheiro vem todo do mesmo saco. Não podemos fechar os olhos e pensar apenas num aspecto. Penso na vertente económica, mas sem deixar de falar no aspecto ecológico, sabendo que temos de encontrar soluções para os muitos problemas que existem no mundo».
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