As máfias que organizam os saltos às vedações entre as fronteiras entre o norte de África e Espanha, como aconteceu na quarta-feira, exigem que cada migrante pague pelo serviço.
De acordo com o El País, que viu um relatório da Guardia Civil, qualquer migrante que queira passar a fronteira paga 200 dirhams marroquinos, cerca de 18 euros.
O relatório diz que este pagamento inclui proteção do resto do grupo, que é liderado por um “presidente”. O líder trabalha com um “primeiro ministro” e vários “funcionários”. Estes líderes de gangues são responsáveis por arranjar dinheiro e resolver os conflitos entre migrantes e, por isso, podem castigar os migrantes e até ser excluídos do grupo que vai passar a fronteira.
A máfia decide o dia, a hora e o sítio exato para passar a fronteira. Os migrantes que não pagarem são logo excluídos.
No relatório ainda se pode ler, que antes de "saltarem", os grupos “inspecionam a área e recolhem informações sobre as medidas de segurança implementadas pelas forças de segurança marroquinas e espanholas".
Depois do dia ser escolhido, a máfia reúne os migrantes para delinear todos os pormenores do ataque. Nesta reunião retiram-se os telemóveis, que só voltam a devolvidos quando estiverem perto da vedação.
Quando chega o momento, os líderes do grupo dão as instruções finais para conseguirem defender-se tanto dos polícias marroquinos como dos espanhóis e, por isso, estão autorizados a atirar pedras, paus, fezes e ácido. Se falharem o processo têm que voltar ao início ou, dependendo da situação, serem expulsos e ficarem por sua conta e risco.
O documento já foi apresentado pelo governo espanhol no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, visto que a Espanha está a ser acusada de deportar injustamente migrantes a passar a fronteira entre Marrocos e Espanha, sob o governo do antigo Partido Popular (PP) do primeiro-ministro Mariano Rajoy.