União Europeia pede a libertação imediata do opositor russo Navalny - TVI

União Europeia pede a libertação imediata do opositor russo Navalny

Alexei Navalny

Charles Michel conversou com Vladimir Putin ao telefone e pediu uma investigação transparente à tentativa de homicídio do ativista

O presidente do Conselho Europeu revelou que conversou esta sexta-feira com o presidente da Rússia. Numa conversa telefónica, Charles Michel pediu a Vladimir Putin que libertasse de imediato o opositor Alexei Navalny, detido no país desde 17 de janeiro.

O representante europeu refere que a União Europeia está junta na luta contra a detenção do ativista. Antes de Charles Michel, também a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e vários ministros europeus, incluindo Augusto Santos Silva, emitiram declarações no mesmo sentido.

Charles Michel pede ainda que seja feita uma investigação transparente ao caso da tentativa de homicídio de Alexei Navalny, que foi envenenado com recurso a novichok.

Apoiantes de Navalny detidos e protestos reprimidos

As autoridades russas detiveram mais apoiantes do opositor Alexei Navalny e outros já detidos serão presentes a tribunal, na véspera de protestos planeados para todo o país, que as autoridades já prometeram reprimir por considerarem ilegais.

A equipa de Alexei Navalny - que está em prisão preventiva até pelo menos 15 de fevereiro, alvo de vários processos judiciais - convocou protestos para sábado em 65 cidades russas para exigir a libertação do opositor.

Estas manifestações, de acordo com as autoridades russas, são reuniões "ilegais".

Depois de ter detido vários colaboradores de Navalny na quinta-feira, a polícia deu continuidade hoje com a prisão da coordenadora da sede do opositor em Vladivostok (Extremo Oriente), Ekaterina Vedernikova, e uma colaboradora da sede de Novosibirsk (Sibéria), Elena Noskovets.

A equipa do opositor também relatou a prisão do coordenador de Tyumen, nos Urais, de outro colaborador em Kaliningrado e ainda de Sergei Boyko, da coligação de Novosibirsk, na Sibéria.

Lioubov Sobol, uma figura que está em ascensão no movimento, e a porta-voz de Navalny, Kira Iarmych, que foram detidas na quinta-feira, devem comparecer hoje diante de juízes por terem convocado as manifestações classificadas como ilegais.

A advogada de Iarmych, Veronika Poliakova, disse à agência de notícias AFP que a sua cliente pode ser sentenciada a 10 dias de prisão.

Lioubov Sobol, por sua vez, incorre em pena de até 30 dias de prisão, mas pode receber, como nos casos anteriores, uma multa simples por ter um filho pequeno.

Entre os outros apoiantes de Navalny na mira da polícia estão Georgui Albourov, que participa nas investigações anticorrupção de Navalny, e Vladlen Los, advogado da sua organização, de nacionalidade bielorrussa, declarado ‘persona non grata’ na Rússia.

A chefe da equipa de Navalny em Krasnodar, no sul da Rússia, Anastassia Pantchenko, também foi presa na quinta-feira.

Diante da mobilização prevista para sábado, o Kremlin, o Ministério Público e o Ministério do Interior alertaram contra a participação nos protestos, sugerindo uma possível dispersão brutal dos manifestantes.

A polícia de Moscovo advertiu hoje que qualquer manifestação ilegal "será reprimida".

Todas as tentativas de organizar um evento público não autorizado e qualquer ação provocativa serão consideradas uma ameaça à ordem pública e serão reprimidas sem demora", disse a polícia da capital russa, com referência "às ações ilegais (planeadas) para 23 de janeiro de 2021".

Principal figura da oposição ao Kremlin (presidência russa), Navalny foi interpelado pela polícia à chegada ao aeroporto Cheremetievo de Moscovo, quando ia passar pelo controlo de passaportes.

Os serviços prisionais russos precisaram que Navalny, de 44 anos, "figura numa lista de pessoas procuradas desde 29 de dezembro de 2020 por múltiplas violações do seu período probatório”.

Inicialmente, o avião que transportava Navalny ia aterrar no aeroporto Vnoukovo de Moscovo, onde era aguardado por dezenas de apoiantes, que estavam a ser vigiados por unidades policiais anti-motim.

Porém, os planos foram alterados e o aparelho acabou por aterrar no aeroporto Cheremetievo, igualmente na capital russa.

O líder da oposição regressou à Rússia depois de quase cinco meses de tratamento médico na Alemanha, após ter sido envenenado com uma substância tóxica de uso militar, ato que, segundo o ativista, foi ordenado pelo Presidente russo, Vladimir Putin.

A ordem de detenção concretizada no domingo foi avançada pelo Serviço Federal de Prisões da Rússia, que solicitou à justiça russa a ida de Alexei Navalny para a prisão para cumprir uma pena suspensa de 3,5 anos a que foi condenado em 2014, um juízo considerado "arbitrário" em 2017 pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Em 20 de agosto de 2020, Navalny sentiu-se mal e desmaiou durante um voo doméstico na Rússia, e foi transportado dois dias depois em coma para a Alemanha para ser tratado.

Laboratórios na Alemanha, França e Suécia, assim como a Organização para a Proibição de Armas Químicas demonstraram que esteve exposto a um agente neurotóxico, do tipo Novichok, da era soviética.

As autoridades russas têm rejeitado todas as acusações de envolvimento no envenenamento.

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