«Ao sair, disseram-me: “se alguma vez resolver… bem, se alguma vez os jornais lhe perguntarem, diga Esta é a Al-Qaedado Iémen”», revela.
O homem, dono do Clio cinza com 150 mil quilómetros, «um carro velho» que usava «para ir para o trabalho», conta que, depois de lhe dizerem isso, os dois suspeitos arrancaram com o carro e voltaram a parar. «Da segunda vez, arrancaram mesmo com o meu carro», acrescentou.
O condutor achava então que estava a lidar apenas com dois ladrões. Ainda não tinha ouvido falar do atentado ao «Charlie Hebdo». «Não tinha rádio no carro», explicou.
Só quando entrou numa pastelaria e viu as notícias na televisão percebeu exatamente com quem tinha lidado. «Disse a mim mesmo que tenho uma estrela a proteger-me. Eu vi a cara dele. Devo ter sido um dos poucos a tê-los visto», disse.
«Tenho muita sorte, muita sorte, em poder estar aqui a falar consigo», acrescentou à Europe1.
Ele conta ainda que os dois suspeitos nunca lhe ergueram a voz. «Como eu tinha a janela aberta, simplesmente me disseram: “desce do teu carro. Precisamos do teu carro”», relata, acrescentando que o homem que o abordou primeiramente estava armado com aquilo que percebeu mais tarde ser uma Kalashnikov.
Depois, o outro suspeito, armado com um lançador de granadas, sentou-se no lugar do pendura. Já não estavam mascarados quando o abordaram.