Um político brasileiro que tem sido um dos grandes aliados do presidente Jair Bolsonaro foi encontrado pela polícia a tentar ocultar uma elevada quantia de dinheiro na roupa interior.
A Polícia Federal fez buscas na casa de Chico Rodrigues em Boa Vista, capital do estado de Roraima, ao abrigo da operação Desvid-19, que investiga o desvio de dinheiros públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19.
Vice-líder do Governo no Senado, Chico Rodrigues era o principal alvo das autoridades que, segundo a imprensa brasileira, terão descoberto no domicílio do político, ex-governador do estado de Roraima, cerca de 100 mil reais, um montante superior a 15 mil euros. Desta verba, cinco mil euros estariam escondidos nas cuecas do próprio senador.
A investigação está sob sigilo e, de forma oficial, a Polícia Federal brasileira diz apenas que foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão durante a operação em Boa Vista, com o objetivo de "desarticulação de possível esquema criminoso voltado ao desvio de recursos públicos, oriundos de emendas parlamentares".
A operação acabou por desenrolar-se no mesmo dia em que o presidente do Brasil garantiu que daria uma "voadora no pescoço" de quem se envolvesse em corrupção, pouco tempo depois depois de ter dito que acabou com a operação Lava Jato porque não há casos de corrupção na sua administração.
O governo brasileiro está agora na expectativa de que Chico Rodrigues se demita do cargo no Senado, apesar deste ser um antigo aliado de Bolsonaro. Mas, em nota enviada à comunicação social, Chico Rodrigues diz apenas que tem "um passado limpo e uma vida decente".
Acredito na justiça dos homens e na justiça divina. Por este motivo estou tranquilo com o facto ocorrido hoje em minha residência", sublinhou. "Tive meu lar invadido por apenas ter feito meu trabalho como parlamentar, trazendo recursos para o combate à covid-19 para a saúde do Estado", conclui o comunicado do senador.
Afastamento por 90 dias
Um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro determinou o afastamento, por 90 dias, do senador Chico Rodrigues.
A decisão foi decretada esta quinta-feira pelo juiz do STF Luís Roberto Barroso, que posteriormente encaminhou o caso para deliberação do Senado, a quem cabe manter ou não o afastamento do parlamentar.
O magistrado justificou o afastamento com a “gravidade concreta” do caso e com a necessidade de evitar que o senador use o cargo para dificultar as investigações.
“A gravidade concreta dos delitos investigados também indica a necessidade de garantia da ordem pública: o senador estaria a valer-se da sua função parlamentar para desviar dinheiro destinado ao enfrentamento da maior pandemia dos últimos 100 anos, num momento de severa escassez de recursos públicos e em que o país já conta com mais de 150 mil mortos em decorrência da doença”, indicou Roberto Barroso.