Coronavírus: número de mortos duplica em 24 horas no epicentro da epidemia - TVI

Coronavírus: número de mortos duplica em 24 horas no epicentro da epidemia

  • SS
  • 13 fev 2020, 07:31

O número de mortos na província chinesa de Hubei, centro da epidemia do novo coronavírus, aumentou para 242 nas últimas 24 horas. As autoridades também registaram mais 14.840 novos casos da infeção nesta província. Em todo o território da China, foram contabilizadas 254 novas mortes e 15.152 novos infetados em 24 horas

O número de mortos na província chinesa de Hubei, centro da epidemia do novo coronavírus, aumentou para 242 nas últimas 24 horas e mais do que duplicou relativamente ao dia anterior. As autoridades também registaram mais 14.840 novos casos da infeção nesta província.

A Comissão de Saúde de Hubei anunciou esta quinta-feira  que o número de mortos na província é agora de 1.310.

O número de mortos registado nas últimas 24 horas em Hubei ultrapassa o anterior recorde de mortes ocorrido a 10 de fevereiro (103 mortes). Nas últimas 24 horas, até à meia-noite de quarta-feira (hora local), as autoridades registaram mais 14.840 novos casos da infeção em Hubei, cuja capital é Wuhan.

A Comissão de Saúde indicou que o aumento do número de casos deve-se a uma nova definição mais ampla de infeção. O novo método de contagem inclui "casos clinicamente diagnosticados", mas que não foram ainda sujeitos a exame laboratorial e, portanto, ausentes até agora das estatísticas.

Uma radiografia ao tórax dos casos suspeitos pode ser considerada suficiente para diagnosticar o vírus, o Covid-19, em vez de testes padrão de ácido nucleico.

Esta nova metodologia torna possível fornecer um tratamento aos pacientes "o mais rapidamente possível" e "ser consistente" com a classificação usada nas outras províncias chinesas, explicou.

A nossa compreensão da pneumonia causada pelo novo coronavírus está a aprofundar-se e estamos acumular experiência em diagnóstico e tratamento", sublinhou.

Em todo o território da China, foram contabilizadas 254 novas mortes e 15.152 novos infetados em 24 horas.

Assim, o número total de mortes pelo surto fixou-se hoje em 1.367, enquanto o número de casos confirmados ascendeu a 59.804.

Esta quinta-feira, 2.600 médicos militares chineses chegaram a Wuhan para ajudar no combate à epidemia. Imagens transmitidas pela televisão oficial chinesa mostram os médicos a chegar ao aeroporto, com uniformes e máscaras.

Foram enviados 11 aviões militares com pessoal e material para tentar travar o principal foco da epidemia. No total, há mais de 4.000 médicos militares em Wuhan.

 

Comité Central do Partido Comunista afasta secretário em Hubei

Entretanto, o Comité Central do Partido Comunista Chinês anunciou esta quinta-feira a substituição do secretário da organização em Hubei.

Segundo a agência noticiosa oficial Xinhua, que cita uma decisão do Comité Central, Ying Yong, que foi, até à data, presidente da câmara de Xangai, "capital" financeira do país, substitui Jiang Chaoliang como secretário do Comité Provincial de Hubei. Jiang ocupava aquele cargo desde 2016.

O Comité Central é composto pelos 376 membros mais poderosos do Partido Comunista, incluindo os 25 do Politburo e os sete do Comité Permanente do Politburo, a cúpula do poder na China.

Mais de dez cidades da província de Hubei, do qual Wuhan, epicentro do Covid-19, é capital, foram colocadas sob quarentena, com entradas e saídas interditas, numa medida que afeta cerca de 50 milhões de pessoas.

Na segunda-feira, as autoridades chinesas anunciaram a demissão de dois altos quadros da Comissão de Saúde de Hubei, o diretor, Liu Yingzi, e o secretário do Partido Comunista da China (PCC) naquele organismo, Zhang Jin.

Ambos os cargos foram assumidos pelo vice-diretor da Comissão Nacional de Saúde, Wang Hesheng, que faz parte do grupo de trabalho formado pelo Governo central para lidar com o surto, e que foi também recentemente nomeado membro do mais alto órgão executivo de Hubei.

Por enquanto, não há indicações de que qualquer membro do governo central possa ser afastado, e os órgãos oficiais do regime têm dirigido as culpas para as autoridades de Hubei.

A crise de saúde pública paralisou o país, ditando o encerramento de fábricas, restaurantes e retalhistas. As consequências são imprevisíveis para os empresários e trabalhadores da segunda maior economia do mundo.

O Partido Comunista, que governa o país desde 1949, enfrenta assim umas das priores crises de legitimidade em décadas, mas, até à data, não há indicações de que qualquer membro do governo central possa ser afastado

A má gestão e ocultação de informações cruciais aquando do surto da Síndrome Respiratória Aguda Grave, ou pneumonia atípica, entre 2002 e 2003, levou à queda do presidente da câmara de Pequim, Meng Xuenong - que foi substituído pelo atual vice-presidente da China, Wang Qishan - e do ministro da Saúde, Zhang Wenkang.

Na semana passada, a morte de Li Wenliang, o médico que inicialmente alertou a comunidade médica de Wuhan sobre o novo coronavírus, mas que foi obrigado pela polícia a assinar um documento no qual denunciava o aviso como um boato "infundado e ilegal", levou a reações imediatas nas redes sociais chinesas, com o 'hashtag' #woyaoyanlunziyou ('eu quero liberdade de expressão', em chinês) a tornar-se viral.

No entanto, o Tribunal Supremo do país limitou-se a criticar publicamente a polícia local pelo sucedido.

 

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