Mais de 200 pessoas detidas em protestos em Hong Kong - TVI

Mais de 200 pessoas detidas em protestos em Hong Kong

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  • 11 mai 2020, 08:17
Hong Kong saiu à rua para mais um dia de protestos

Manifestantes exigem reformas democráticas na região administrativa especial chinesa e uma investigação sobre a suposta brutalidade policial para reprimir as manifestações que começaram a 9 de junho de 2019

Mais de 200 pessoas foram detidas em Hong Kong durante protestos contra o Governo na noite de domingo, noticiou esta segunda-feira a imprensa local.

A polícia não divulgou nenhum registo, mas disse por volta da meia-noite (17:00 em Lisboa) que estava a realizar operações de dispersão e de detenção após repetidos avisos. 

As forças de segurança indicaram que os manifestantes entoaram 'slogans' e construíram barreiras para bloquear estradas no distrito de Mongkok, e incendiaram alguns materiais nas ruas.

O protesto pró-democracia que paralisou Hong Kong durante meses no ano passado mostrou sinais de revitalização nas últimas semanas, à medida que a ameaça de coronavírus diminui. 

O governo decidiu recentemente permitir reuniões públicas de oito pessoas, acima das quatro anteriormente.

O jornal Apple Daily disse que mais de 200 pessoas foram detidas, enquanto o South China Morning Post classificou o total em mais de 250. Ambos citaram fontes não identificadas. 

A polícia esperava divulgar os números ainda hoje.

A ação noturna nas ruas seguiu-se a vários protestos em centros comerciais no início do dia. 

Os manifestantes estão a exigir reformas democráticas na região administrativa especial chinesa e uma investigação sobre a suposta brutalidade policial para reprimir as manifestações que começaram a 09 de junho de 2019.

Os protestos foram desencadeados por emendas a um projeto lei de extradição agora abandonado e que permitiria que suspeitos de crimes fossem enviados para a China continental para serem julgados. 

O sistema judicial da China é diferente do de Hong Kong e não garante os mesmos direitos ao acusado.

Milhões de pessoas protestaram Hong Kong no ano passado em demonstrações que frequentemente terminavam em confrontos entre alguns dos manifestantes e a polícia, marcados pelo atirar de bombas incendiárias, pelo gás lacrimogéneo e pelo disparo de projéteis, a esmagadora maioria não letais.

As manifestações resultaram em milhares de detenções, entre elas proeminentes ativistas e deputados, e de feridos, registando-se mortes associadas aos confrontos.

Motivados pela proposta que permitiria a extradição de suspeitos de crimes para a China continental, os protestos evoluíram para uma campanha pró-democracia, assente na exigência inicial da retirada da proposta.

Antes da pandemia de Covid-19 'arrefecer' os protestos, restavam quatro reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não fossem identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas", precisamente o que os opositores às alterações da lei da extradição garantem estar agora em causa.

Chefe do executivo de Hong Kong quer reforma educativa contra manifestações

A chefe do executivo de Hong Kong prometeu hoje rever o sistema educativo, considerando que o ensino da cultura geral tinha contribuído para alimentar o movimento pró-democracia que abalou a ex-colónia britânica no ano passado.

“Em relação ao modo, no futuro, de abordar os cursos de estudos liberais (de cultura geral para desenvolver o espírito crítico), vamos certamente esclarecer as coisas antes do final do ano”, declarou Carrie Lam numa entrevista publicada hoje no jornal Ta Kung Pão, favorável a Pequim.

Numa altura em que as tensões políticas têm aumentado, estas declarações poderão suscitar a cólera dos militantes pró-democracia, que temem que Pequim reduza as liberdades desfrutadas no território.

Com o apoio de Pequim, o governo de Lam tenta aprovar um projeto de lei para sancionar qualquer ofensa ao hino nacional chinês, enquanto personalidades próximas do poder desejam a adoção de uma lei anti-sedição.

Esta nova legislação visa travar o crescente movimento, em particular junto dos jovens, a favor da democracia e de uma maior autonomia em relação à China.

Para a oposição, estas leis vão reduzir a liberdade de expressão.

As escolas e universidades de Hong Kong encontram-se entre as melhores da Ásia e o ensino beneficia de uma liberdade desconhecida na China continental.

Os cursos de cultura geral foram introduzidos em 2009 e as escolas são livres para escolher o modo de ensino. Suscitam a aversão dos media estatais chineses e da classe política pró-Pequim que exigem uma educação mais patriótica.

Na entrevista, Lam considera que aqueles cursos permitem aos docentes promover os seus preconceitos políticos e que devem ser vigiados.

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