Irão acusa Israel de ter assassinado cientista nuclear a mando dos EUA - TVI

Irão acusa Israel de ter assassinado cientista nuclear a mando dos EUA

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  • 28 nov 2020, 09:33
Irão

Hassan Rohani prometeu que a morte do cientista não irá perturbar o progresso científico no país

O presidente iraniano Hassan Rohani acusou hoje Israel de agir como "mercenário" para os Estados Unidos ao assassinar um cientista no programa nuclear iraniano, perto de Teerão, na sexta-feira.

Mais uma vez, as mãos impiedosas da arrogância mundial, com o regime sionista usurpador como mercenário, estão manchadas com o sangue de um filho desta nação", denunciou Rohani numa declaração publicada no seu site oficial, referindo-se ao assassinato de Mohsen Fakhrizadeh.

O Irão usa geralmente o termo "arrogância global" para se referir aos Estados Unidos.

Rohani prometeu que a morte do cientista não iria perturbar o progresso científico no país, reforçando que a morte se devia à "fraqueza e incapacidade" dos inimigos de Teerão de impedir o seu desenvolvimento.

O presidente iraniano também ofereceu as suas condolências "à comunidade científica e ao povo revolucionário do Irão".

Na sexta-feira, o chefe do Estado-Maior iraniano, general Mohammad Bagheri, alertou que “uma terrível vingança” se abaterá sobre os responsáveis pelo assassínio do cientista iraniano especializado no setor nuclear.

Os grupos terroristas e os responsáveis e autores dessa tentativa covarde devem saber que uma terrível vingança os aguarda”, escreveu Bagheri na rede social Twitter, segundo a agência estatal Irna.

Em comunicado, o Ministério da Defesa do Irão identificou o alvo do ataque como sendo Mohsen Fakhrizadeh, chefe do departamento de pesquisa e inovação daquele ministério.

Mohsen Fakhrizadeh ficou gravemente ferido quando o seu carro foi alvejado por vários atacantes, que por sua vez foram atacados pela equipa de segurança do cientista, pode ler-se no comunicado, em que acrescenta que a equipa médica não o conseguiu reanimar.

O Departamento de Estado dos Estados Unidos indicou, em 2008, que o cientista estava a realizar “atividades e transações que contribuíam para o desenvolvimento do programa nuclear do Irão".

Fakhrizadeh tinha sido descrito pelo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, como o pai do programa de armas nucleares do Irão.

Fakhrizadeh liderou o chamado programa "Amad", ou "Esperança", do Irão.

Israel e o Ocidente alegaram que essa operação militar tinha como objetivo saber a viabilidade de construção de armas nucleares no Irão, mas Teerão alegou sempre que o seu programa nuclear é pacífico.

A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) referiu que o programa "Amad" terminou no início dos anos 2000 e os seus inspetores monitorizam agora as instalações iranianas como parte do acordo nuclear do Irão com os cinco países com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU – Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França – e a Alemanha.

Khamenei pede que responsáveis sejam punidos

O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, pediu hoje que fossem “punidos” os responsáveis pelo assassínio de um dos mais proeminentes cientistas nucleares do Irão, que ocorreu na sexta-feira.

O aiatola Khamenei pediu "que este crime seja investigado e, claro, que haja punição para os autores e responsáveis (…), dando continuidade ao esforço científico e técnico deste mártir em todas as áreas em que trabalhou", segundo um comunicado divulgado no portal oficial do líder iraniano.

União Europeia qualifica assassinato de "ato criminoso"

A União Europeia (UE) qualificou hoje como um “ato criminoso” o assassinato de Mohsen Fajrizadeh, pedindo a “todas as partes” que mantenham a calma e evitem a escalada de violência.

“A 27 de novembro de 2020 em Absard, Irão, um funcionário do governo iraniano e vários civis foram mortos numa série de ataques violentos. Este é um ato criminoso e vai contra o princípio de respeito pelos direitos humanos defendido pela União Europeia”, declarou numa nota o porta-voz do alto representante da União para as Relações Exteriores, Josep Borrell.

O representante adiantou ainda que “nestes tempos de incerteza, é mais importante do que nunca que todas as partes permaneçam calmas e exerçam o máximo de contenção para evitar uma escalada que não pode interessar a ninguém”.

Na declaração, Josep Borrell transmitiu, igualmente, as condolências aos familiares do falecido e o desejo de que os feridos se recuperem rapidamente.

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