Dagmar tocou violino durante operação para retirar um tumor cerebral - TVI

Dagmar tocou violino durante operação para retirar um tumor cerebral

  • BC
  • 20 fev 2020, 10:35

Mulher de 53 anos, violinista profissional, tocou para garantir que os cirurgiões não danificavam a área do cérebro que lhe permite manusear o instrumento

Uma doente no King's College Hospital, em Londres, tocou violino durante uma cirurgia para remover um tumor no cérebro, para garantir que não sofria danos na capacidade de movimento e coordenação da mão que lhe permite tocar o instrumento. 

Dagmar Turner, de 53 anos, é violinista na orquestra sinfónica da Ilha de Wight e, em 2013, foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral, depois de ter sofrido uma convulsão enquanto tocava.  A massa foi controlada com radioterapia mas, no outono de 2019, conta o hospital em comunicado, tornou-se claro que o tumor estava a crescer e a tornar-se mais agressivo, pelo que seria necessário operar para o retirar. Uma cirurgia que exigiria precisão milimétrica para não danificar zonas cerebrais cruciais. 

O turmor de Dagmar estava localizado no lobo frontal direito do cérebro, perto da área que controla a motricidade fina da mão esquerda", explicou o hospital. Dagmar foi aconselhada a procurar o King's College por causa do neurocirurgião Keyoumars Ashkan, especialista em tumores cerebrais mas também pianista com formação musical. O médico compreendeu as preocupações da violinista, que tinha receio de não conseguir tocar após a intervenção, e desenhou um plano para garantir que o talento de Dagmar Turner não era posto em causa. 

 

Antes da cirurgia, a equipa médica passou duas horas a mapear cuidadosamente o cérebro de Turner, para identificar as áreas ativas quando ela tocava violino e as responsáveis pelo controlo da linguagem e movimento, e discutiram com ela a possibilidade de acordá-la durante a operação para que pudesse tocar. Isto garantiria que os cirurgiões não danificavam as áreas responsáveis pelos movimentos específicos e delicados exigidos por tocar o instrumento. 

A violinista concordou e assim aconteceu, tocando o instrumento enquanto cuidadosamente monitorizada. 

Foi a primeira vez que tivemos uma doente a tocar um instrumento", revelou o neurociurgião. "Sabíamos como era importante o violino para a Dagmar por isso era vital que preservássemos a função nas áreas delicadas do cérebro que lhe permitem tocar. Conseguimos remover 90% do tumor, incluindo as áreas suspeitas de atividade agressiva, mantendo a função total da mão esquerda", disse Keyoumars Ashkan.

O violino é a minha paixão, toco desde que tinha dez anos. Pensar em perder a minha capacidade de tocar partia-me o coração mas, por ser também ele um músico, o professor Ashkan compreendeu as minhas preocupações. Ele e a equipa do hospital esforçaram-se ao máximo para planear a operação, desde mapearem o cérebro até planearem a posição em que eu tinha de ficar para tocar. Graças a eles, espero regressar à minha orquestra muito em breve", disse a doente. 

A violinista, que tem um filho de 13 anos, regressou a casa três dias após a cirurgia e tem sido acompanhada no hospital da área em que reside. 

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