O dono das clínicas dentárias Vitaldent, o uruguaio Ernesto Colman, foi detido esta terça-feira pela polícia espanhola. Em causa estão suspeitas de branqueamento de capitais, fraude e falsificação. A polícia suspeita que Colman estava a preparar-se para encerrar o negócio, fugir com uma grande quantia de dinheiro e deixar as clínicas à sua sorte. Em Portugal, a Vitaldent esteve envovida em polémica, depois de a Ordem dos Médicos Dentistas ter processado as clínicas
A operação das autoridades espanholas, designada Operação Topolino, teve lugar na sede do grupo Vitaldent em Madrid. Além do proprietário, foram detidas 12 pessoas ligadas à empresa, incluindo o responsável de operações em Itália.
A polícia apreendeu um avião, no valor de um milhão de euros, e 36 automóveis de luxo.
As autoridades consideram que o dono da marca Vitaldent geria uma “organização criminosa”, pois exigia aos seus franchisados grandes somas de dinheiro, que não eram declaradas para efeitos fiscais, e que, posteriormente, acabavam em países como a Suíça ou o Luxemburgo.
Parte desse capital era reinvestido em Espanha, na aquisição de imóveis, veículos de gama alta e artigos de luxo.
O esquema envolve mais de 10 milhões de euros.
"Os detidos formavam parte de um grupo organizado criado dentro da estrutura empresarial, para evitar pagar impostos. Para fugir às obrigações fiscais, o máximo responsável da empresa depositava as receitas das [clínicas] franqueadas em entidades bancárias da Suíça ou do Luxemburgo", refere a polícia em comunicado.
A investigação, realizada pela Agência Tributária espanhola e a polícia, começou há dois anos. Na altura, foi a esposa de Colman que despertou a atenção das autoridades, ao transportar uma grande quantia de dinheiro da Suíça.
Depois, foram detetadas várias contas nesse país em nome do uruguaio, com vários milhões de euros.
A suspeita de que Colman iria encerrar o grupo Vitaldent, fugir do país e deixar as clínicas do grupo à sua sorte, acabou por precipitar a operação policial.
A Vitaldent foi fundada há 25 anos em Espanha, tendo 364 clínicas só neste país. O grupo expandiu-se para outros países como Portugal, Itália e Polónia.
Em Portugal, a Vitaldent esteve envovida em polémica, depois de a Ordem dos Médicos Dentistas ter processado as clínicas por promoverem uma especialidade - implantologia - que não existe no país.
Em declarações à agência Lusa, na altura, o bastonário da Ordem dos Médicos Dentistas, Orlando Monteiro da Silva, afirmou ter tido conhecimento desta situação através de várias queixas de colegas.
A Ordem detetou duas situações ilegais: por um lado, a promoção, em folhetos comerciais, de serviços de médicos dentistas "especialistas em implantologia", que não existem, e, por outro, a introdução, nas suas clínicas, da figura comercial do chamado "assessor odontológico".