Mais de mil pessoas foram identificadas e 720 pessoas foram já detidas, neste sábado, para interrogatório devido à sua participação no protesto dos "coletes amarelos" em França. um balanço avançado cerca das 17:30 pelo jornal Le Figaro, que cita as autoridades francesas.
Cerca de 160 pessoas ficaram feridas no protesto deste sábado.
A nível nacional, incluindo os parisienses, temos mais de 700 detenções para uma participação no movimento a meio do dia, que é de 31.000 pessoas no território nacional, dos quais 8.000 em Paris”, indicou o secretário de Estado do Interior, Laurent Nuñez, ao canal televisivo France 2, dando conta de números sensivelmente semelhantes aos do último sábado.
Durante a manhã, a polícia lançou gás lacrimogéneo e disparou canhões de água, já os manifestantes atiraram pedras e petardos. Um cenário que se agudizou durante a tarde, com os agentes da polícia a fazerem dispersar os manifestantes que se concentravam na zona dos Campos Elísios.
Os manifestantes dispersaram-se assim pelas zonas circundantes, provocando alguns desacatos e incidentes em bairros adjacentes. Grupos de jovens deixaram a zona do Trocadéro e deslocaram-se um pouco mais para Oeste, rumo ao bairro Passy. Várias pessoas foram detidas, testemunhou o conselheiro municipal David Alphand, em declarações ao Le Figaro, publicando também imagens no Twitter.
Rue de #Passy #Paris16 : Arrestation de deux racailles casseurs par les CRS. pic.twitter.com/qo0Cw3FNDI
— David Alphand (@david_alphand) 8 de dezembro de 2018
Emmanuel Macron deverá prounciar-se esta segunda-feira, confirmou o Eliseu, sem dar grandes pormenores sobre o teor desse pronunciamento.
Trump fala em "dia e noite tristes"
O presidente norte-americano, Donald Trump, já se manifestou no Twitter, triste pelo "dia e noite" que se vivem em Paris. "Talvez seja tempo de pôr fim ao extremamente caro acordo de Paris e devolver o dinheiro ao povo, baixando os impostos?", escreveu.
Very sad day & night in Paris. Maybe it’s time to end the ridiculous and extremely expensive Paris Agreement and return money back to the people in the form of lower taxes? The U.S. was way ahead of the curve on that and the only major country where emissions went down last year!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 8 de dezembro de 2018
Este sábado, pelo menos dois carros foram incendiados, bem como caixotes do lixo e outras estruturas. Algumas montras foram também vandalizadas.
A atuação policial parece revelar uma atitude mais musculada do que a utilizada na última semana. A polícia usou granadas de gás atordoante e canhões de água, evitando assim atitudes mais extremadas por parte dos manifestantes como as que foram tomadas na última semana.
Com maior controlo policial nos Campos Elísios, Arco do Triunfo e Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês, eram já esperados ajuntamentos importantes na Praça da Bastilha e na zona de Porte Maillot, ponto de chegada a Paris.
Medidas preventivas
As autoridades, temendo o regresso dos tumultos urbanos à capital, reforçaram os controlos nas estações e realizaram buscas sistemáticas junto aos locais de concentração.
Nas ruas do centro de Paris foi, também, retirado quase todo o mobiliário urbano, de modo a que não possa servir de arma aos milhares de manifestantes esperados nos Campos Elísios.
Todas as lojas e restaurantes dos Campos Elísios e das imediações estão fechados e, tal como nos fins de semana passados, os transportes em várias zonas da cidade estão afetados com estações metro e de comboios fechadas durante todo o dia.
O protesto dos "coletes amarelos" levou as autoridades francesas a adotar múltiplas medidas preventivas, designadamente o reforço policial nas ruas, que envolve o desdobramento de mais de 90 mil agentes.
Sem organização formal e sem terem feito o pedido formal de manifestação, o protesto dos "coletes amarelos" em Paris é imprevisível.
Uma delegação de representantes, incluindo figuras como Benjamin Cauchy e Jacline Mouraud, reuniu-se sexta-feira com o primeiro-ministro Édouard Philippe, para tentar encontrar soluções para o impasse negocial que se arrasta há quatro semanas, mas esse gesto não foi acompanhado pela desmobilização da ação de protesto, que começou por ser contra os aumentos dos combustíveis.
A delegação de representantes do movimento "coletes amarelos" tinha feito ao longo da semana vários apelos para que uma quarta manifestação não ocorresse hoje em Paris, para evitar novos distúrbios e confrontos com a polícia.
Medidas de segurança contra "coletes amarelos" divulgadas na Internet
Parte das medidas de segurança das forças policiais planeadas para a manifestação dos “coletes amarelos” foram colocadas na internet.
Segundo fonte judicial, o Ministério Público de Paris abriu uma investigação para identificar a origem da divulgação desta informação.
Um memorando do DSPAP (Departamento de Segurança e Proximidade com a Aglomeração) relativo ao dispositivo foi divulgado na internet. Trata-se de uma nota técnica que foi amplamente distribuída", referiu.
Segundo a mesma fonte, esta nota refere-se "apenas a parte do dispositivo, sobretudo ao das equipas mais ligeiras e mais móveis".
Isso foi tido em conta na elaboração do dispositivo”, continuou.