Coronavírus: Bruxelas descarta para já controlo de fronteiras - TVI

Coronavírus: Bruxelas descarta para já controlo de fronteiras

  • SS - atualizada às 13:52
  • 13 fev 2020, 10:00

Uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da União Europeia decorreu esta quinta-feira em Bruxelas. Marta Temido disse, no final, que as autoridades estão a equacionar distribuir formulários aos viajantes de certas regiões chinesas para Portugal para despistar possíveis contágios

A Comissão Europeia defendeu esta quinta-feira a adoção de “medidas proporcionais” ao risco de propagação do novo coronavírus na União Europeia (UE), que podem passar por controlos nas fronteiras no espaço comunitário se a situação piorar. Mas, para já, a solução de impor controlo de fronteiras não está em cima da mesa, disse aos jornalistas a ministra Marta Temido, que representou Portugal na reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE sobre o novo surto.

A ministra da Saúde disse que as autoridades estão a equacionar distribuir formulários aos viajantes de certas regiões chinesas para Portugal para despistar possíveis contágios, estando também a distribuir informação nos aviões. De acordo com a ministra, o objetivo é despistar “contactos recentes dos passageiros” com pessoas infetadas.

Estamos a preparar - já o estávamos a preparar ao nível da Direção-Geral da Saúde - e poderemos equacionar isso nas próximas horas e nos próximos dias”, referiu Marta Temido.

A ministra indicou que, desde domingo, Portugal está também a distribuir informação a bordo sobre novo coronavírus em voos entre a China e Portugal.

Os nossos voos já foram preparados com todo o tipo de materiais para serem distribuídos pelos viajantes com informação detalhada sobre o que podem ser sintomas, o que devem fazer e com números de contacto”, isto é, “informações úteis para quando [estes cidadãos] entram em Portugal poderem ser encaminhados, se alguma coisa se passar com eles”, precisou Marta Temido.

Bruxelas acolheu esta quinta-feira de manhã uma reunião extraordinária de ministros da Saúde da UE, convocada de emergência pela presidência do Conselho, na qual os 27 discutiram o reforço da coordenação ao nível europeu para prevenir a propagação do novo coronavírus.

De acordo com a ministra portuguesa, mais do que medidas novas, deste encontro saiu um “acordo sobre princípios gerais” entre os países, que assenta sobre uma “coordenação da atuação entre os Estados-membros, da preparação e no foco na capacidade de adaptação e de preparação para a evolução epidemiológica”.

Não decidido no encontro, mas também não excluído para já, está um eventual controlo nas fronteiras da União Europeia (UE) de pessoas infetadas.

Essa medida não está, neste momento, em cima da mesa, [mas] poderá, noutra fase, ser equacionada”, admitiu a governante.

Marta Temido disse ainda que, com base na informação divulgada até à data, não se terá já atingido o pico do surto, pelo que, a seu ver, “justifica cada vez mais uma ação intersetorial e conjunta de todas as áreas de ação governativa”.

"A UE tem de estar preparada, caso a situação fique pior”

À entrada para a reunião comissário europeu responsável pela Gestão de Crises, Janez Lenarcic, indicou que o executivo comunitário iria incentivar à adoção de “medidas proporcionais” na União.

Questionado se tal poderia incluir controlos nas fronteiras da UE para evitar a propagação do Covid-19, o responsável notou: “Isso é algo que tem de ser discutido”. Ainda assim, vincou que “a UE tem de estar preparada, caso a situação fique pior”.

Espero que os ministros da Saúde se foquem na preparação porque ainda estamos numa fase ativa deste surto, pelo que os Estados-membros têm de estar preparados”, sublinhou.

Também falando à entrada para a reunião, a comissária europeia para a Saúde, Stella Kyriakides, vincou que este “é um momento importante para a UE na resposta à epidemia do coronavírus”.

Apoiei, desde o início, a presidência do Conselho para promover este conselho extraordinário porque o vírus não conhece fronteiras e, nesse sentido, a UE e os Estados-membros têm de trabalhar juntos de forma coordenada para enfrentar este desafio”, acrescentou a responsável.

Stella Kyriakides vincou que, “embora o número de casos confirmados ainda seja relativamente baixo”, a UE deve “estar vigilante e coordenada”.

Dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças, consultados esta manhã pela Lusa, indicam que existem, neste momento, 35 casos confirmados na UE: 16 na Alemanha, 11 em França, três em Itália, dois em Espanha e um na Bélgica, na Finlândia e na Suécia. A estes acrescem, na Europa, oito casos no Reino Unido.

A China reportou esta quinta-feira 254 novas mortes e 15.152 novos infetados em 24 horas pelo novo coronavírus, designado Covid-19, num aumento recorde que resulta de uma alteração na metodologia da contagem.

O número total de mortes pelo surto, inicialmente detetado em dezembro passado, fixou-se hoje em 1.367, enquanto o número de casos confirmados ascendeu a 59.804, em todo o território chinês.

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