É uma nova vida para a família europeia que começa esta quarta-feira. Uma reunião informal inédita vai juntar esta manhã, em Bruxelas, os líderes de 27 Estados-membros da União Europeia para debater a saída do Reino Unido do seu seio, na sequência do referendo da semana passada.
O encontro decorre horas depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter informado os seus pares do resultado da votação no seu país e defendido que caberá ao próximo Governo do país a decisão sobre os termos da saída.
"Podemos examinar todas as possibilidades mas caberá ao próximo primeiro-ministro e ao próximo Governo a decisão" sobre a invocação do artigo 50 do Tratado de Lisboa e as negociações que se lhe seguem.
"Foi o meu último Conselho Europeu", disse ainda Cameron, sublinhando que houve "um respeito unânime pela decisão britânica", depois desta opção ter conquistado 51,9% dos votos.
Todavia, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, defendeu a necessidade de agir no processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), por "não haver meses para meditar".
Na conferência de imprensa após a cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, o responsável afirmou compreender que o primeiro-ministro britânico, David Cameron, "queira tempo para meditar porque ele defendeu a permanência" do país entre os 28.
"O que não percebo é que aqueles que quiseram a saída, não consigam dizer-nos o que querem fazer", acrescentou Juncker, referindo que a ativação do artigo 50 do Tratado de Lisboa, de saída de um Estado-membro, deve "ser feita o mais depressa possível". "Não temos meses para meditar", argumentou.
O presidente de França, François Hollande, disse que “não se deve castigar o Reino Unido”, embora sublinhando que o país “assumiu um risco” e “durante um tempo, vai sofrer as consequências”.
François Hollande salientou que é necessário evitar que a Europa “seja afetada” e pediu “unidade” e “rapidez” no processo de negociação para responder “às prioridades dos europeus”.
Todos os cidadãos da UE “são bem-vindos ao Reino Unido”
Tempos diferentes aqueles que se avizinham. Antes de partir, Cameron deixou, no entanto, algumas garantias. O primeiro-ministro António Costa ouviu do seu homólogo britânico a garantia de que "todos os originários dos Estados-membros da União Europeia são muito bem-vindos ao Reino Unido", depois de queixas de imigrantes, incluindo portugueses, de atos xenófobos.
Após a cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE, em Bruxelas, António Costa relatou aos jornalistas a "posição genérica do primeiro-ministro britânico condenando todas as formas de violência e que recusa qualquer atitude xenófoba".
Uma alteração às regras de livre circulação de pessoas na Europa é, contudo, a “chave” das relações entre o Reino Unido e a União Europeia, disse hoje o primeiro-ministro britânico, David Cameron, aos seus homólogos europeus, em Bruxelas.
Segundo fonte da comitiva do primeiro-ministro britânico, David Cameron disse no jantar com os líderes dos outros 27 Estados-membros que o Reino Unido e a União Europeia devem “ter relações económicas o mais próximas possível e que a chave para continuarem próximos é estudar uma alteração à livre circulação de pessoas”, disse a fonte de acordo com a Lusa.