Fiji diz que meta de manter aquecimento global abaixo de 1,5 graus está refém de "viciados em carbono" - TVI

Fiji diz que meta de manter aquecimento global abaixo de 1,5 graus está refém de "viciados em carbono"

  • Agência Lusa
  • BMA
  • 1 nov 2021, 16:54
Evidências do aquecimento global (Foto Lusa)

"Estamos a perder a corrida da neutralidade carbónica para uma coligação de viciados em carbono", disse o primeiro-ministro do país

O primeiro-ministro de Fiji considerou esta segunda-feira que a meta de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus está refém de uma "coligação de viciados em carbono" e dos líderes mundiais que os procuram "apaziguar".

"Estamos a perder a corrida da neutralidade carbónica para uma coligação de viciados em carbono que preferem lutar pelo carvão do que um futuro de bons empregos e indústrias inovadoras criadas pela ambição climática", declarou Josaia Vorege Bainirama perante a Cimeira de Líderes Mundiais reunida no âmbito da 26.ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que decorre em Glasgow.

"Fazem promessas mas não nos mostram planos. Até tentam dar à volta ao que dizem os cientistas. 'Carvão limpo', 'gás natural responsável' e 'petróleo com ética' são criações da mente destes egoístas", criticou.

"Outros líderes praticam uma política de apaziguamento e ficam indolentes enquanto os seus pares mais poluentes destroem o futuro das nossas crianças", acrescentou.

Bainirama afirmou que as metas definidas no Acordo de Paris de 2015 para conter as alterações climáticas, estabelecendo um limite de 1,5 graus centígrados para o aquecimento global até fim do século, garantiriam "pelo menos que as nações insulares sobreviveriam".

"Seis anos depois, onde é que a nossa boa vontade nos trouxe? Os compromissos climáticos mundiais atuais levar-nos-ão a ultrapassar os 1,5 graus no fim da década", declarou.

As "promessas vazias de ambição para meados do século não são suficientes", salientou, e o cumprimento das metas de Paris está "tão longe que só uma ação corajosa e audaciosa" poderá recuperá-las.

"Não viajámos para o outro lado do mundo para ver os nossos futuros sacrificados para contentar os piores poluidores", declarou.

 

O primeiro-ministro do arquipélago do Pacífico Sul, com menos de um milhão de habitantes, exigiu aos países mais desenvolvidos que "cumpram as promessas" de financiar anualmente com 100 mil milhões de dólares a adaptação às alterações climáticas das nações com menos recursos.

"Nós temos autoridade moral, vocês têm a obrigação moral", instou, salientando que o objetivo dos 1,5 graus "está vivo" porque não falta dinheiro, recursos ou tecnologia para o conseguir, o que falta é "coragem para agir".

Mais de 120 líderes políticos e milhares de especialistas, ativistas e decisores públicos reúnem-se até 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia, na 26.ª Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre alterações climáticas (COP26) para atualizar os contributos dos países para a redução das emissões de gases com efeito de estufa até 2030.

A COP26 decorre seis anos após o Acordo de Paris, que estabeleceu como meta limitar o aumento da temperatura média global do planeta entre 1,5 e 2 graus celsius acima dos valores da época pré-industrial.

Apesar dos compromissos assumidos, as concentrações de gases com efeito de estufa atingiram níveis recorde em 2020, mesmo com a desaceleração económica provocada pela pandemia de covid-19, segundo a ONU, que estima que, ao atual ritmo de emissões, as temperaturas serão no final do século superiores em 2,7 ºC.

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