Duas pessoas executadas e pescas proibidas. As medidas de Kim Jong-un contra a covid-19 - TVI

Duas pessoas executadas e pescas proibidas. As medidas de Kim Jong-un contra a covid-19

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  • 27 nov 2020, 10:01
Kim Jong-un volta a aparecer

Líder da Coreia do Norte demonstra "ódio excessivo" e aplica "medidas irracionais" face à pandemia

O líder norte-coreano Kim Jong-un ordenou a execução de pelo menos duas pessoas, proibiu a pesca marítima e confinou a cidade de Pyongyang no quadro das medidas contra o covid-19 e os efeitos económicos da pandemia.

As informações sobre a Coreia do Norte estão a ser divulgadas pelos serviços de informações da Coreia do Sul acrescentando que o líder Kim Jong-un ordenou também aos diplomatas de Pyongyang para não hostilizarem o presidente eleito dos Estados Unidos porque esperam um novo tipo de aproximação com a administração Joe Biden no futuro.

As novas informações foram comunicadas aos legisladores sul coreanos em Seul que receberam o último relatório dos Serviços de Informações Nacionais da Coreia do Sul.

De acordo com o legislador sul coreano, Ha Tae-keung, que cita os serviços de informações Kim Jong-un demonstra atualmente "um ódio excessivo" e aplica "medidas irracionais" face à pandemia de SARS CoV-2 e os impactos na economia do país. 

De acordo com o relatório citado por Ha Tae-keung, o líder da Coreia do Norte mandou executar em outubro um alto responsável pelo departamento de câmbio de divisas após ter estado retido por causa da queda das taxas de câmbio.

O mesmo documento indica que um outro alto dirigente do regime de Pyongyang foi executado em agosto por violação das medidas sobre retenção de bens importados.

As duas pessoas executadas não foram identificadas no relatório.

A Coreia do Norte proibiu também as pescas e a produção de sal para "evitar que a água do mar venha a ser contaminada pelo novo coronavírus", dizem ainda os serviços de informações da Coreia do Sul.

A Coreia do Norte confinou também a cidade de Pyongyang, a capital, e a província de Jagang, no norte do país, como medidas contra a pandemia.

Outras medidas de confinamento foram aplicadas onde as autoridades encontraram bens importados e moeda estrangeira. 

Outras informações indicam que Pyongyang praticou atos de pirataria informática contra pelo menos uma farmacêutica sul coreana que está a desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus. 

Parte das informações ainda estão a ser confirmadas pelos serviços de informações de Seul.

A Coreia do Norte mantém que não foi detetado um único caso de infeção por covid-19 em todo o território, uma informação que é contestada pelos especialistas internacionais.

Os efeitos da epidemia global na Coreia do Norte podem ser catastróficos porque o sistema de saúde do país é extremamente deficiente e não conta com abastecimento de material médico e sanitário.

A pandemia forçou a Coreia do Norte a encerrar as fronteiras com a República Popular da China, o maior parceiro comercial e político.

O fecho das fronteiras desde janeiro tem afetado seriamente a economia do país marcada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos. 

A balança comercial com a República Popular da China totalizou 530 milhões de dólares durante os últimos 10 meses, um valor que corresponde a apenas 25% do total registado em 2019. 

Grupos políticos sul coreanos que acompanham a situação na Coreia do Norte referem que os benefícios nas taxas de câmbio do dólar norte-americano caíram significativamente porque o tráfico de moeda foi afetado depois do encerramento da fronteira sino-norte-coreana.

Segundo os Serviços de Informações Nacionais da Coreia do Sul, a Coreia do Norte ordenou às embaixadas no estrangeiro para não provocarem os Estados Unidos, ameaçando os embaixadores.

As autoridades norte-coreanas mantêm-se em silêncio sobre a eleição de Joe Biden como 46.º presidente dos Estados Unidos.

Kim Jong-un realizou três cimeiras com Donald Trump entre 2018 e 2019 sobre o arsenal nuclear norte-coreano aliviando o tom das declarações políticas entre as duas partes. 

Mesmo assim, segundo o relatório, as relações amistosas com Trump estão a ser encaradas como inúteis no quadro da futura administração Biden.

Especialistas têm destacado a possibilidade de a Coreia do Norte começar em breve um período de testes balísticos com novos mísseis para despertar a atenção de Joe Biden.

Os serviços de informações da Coreia do Sul esperam igualmente que a Coreia do Norte venha a realizar em breve uma parada militar no âmbito do congresso do partido único no próximo mês de janeiro numa demonstração de força na mesma altura da tomada de posse de Biden como presidente dos Estados Unidos.

É provável que o Congresso do Partido dos Trabalhadores venha a ser utilizado para divulgar novas políticas em relação aos Estados Unidos.

O ditador Kim Jong-un disse que o congresso, que se realiza pela primeira vez nos últimos quatro anos, vai aprovar os objetivos para os próximos cinco anos.

Numa declaração sem precedentes o Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte afirmou em agosto que os objetivos económicos do Estado sofrem sérios atrasos.

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