Bill Gates previu a pandemia de Covid-19: "Não estamos preparados" - TVI

Bill Gates previu a pandemia de Covid-19: "Não estamos preparados"

  • Sofia Santana
  • 19 mar 2020, 17:47
Bill Gates numa feira tecnológica em Pequim

O multimilionário norte-americano, fundador da Microsoft, previu há cinco anos que o mundo não estava preparado para enfrentar uma pandemia

Bill Gates previu a pandemia de Covid-19 em 2015. Ou melhor dizendo, o multimilionário norte-americano, fundador da Microsoft, previu há cinco anos que o mundo não estava preparado para enfrentar uma pandemia. O aviso foi deixado numa conferência do projeto TED Talks, no Canadá, e as imagens desse momento tornaram-se agora virais nas redes sociais.

Quando eu era criança, diziam-me que o desastre com o qual eu me devia preocupar era uma guerra nuclear. Mas hoje, o maior risco para uma catástrofe global não é isso.”

Foi desta forma, e mostrando a imagem de um vírus como pano de fundo, que Bill Gates começou a sua intervenção na conferência que agora tem sido partilhada por milhares de utilizadores em todo o mundo.

Nessa intervenção, o empresário e filantropo norte-americano afirmou que era muito mais provável que um vírus altamente contagioso matasse milhões de pessoas do que uma guerra nuclear. Porquê? Porque não foram feitos grandes investimentos em sistemas que permitam parar uma epidemia.

Se alguma coisa matar mais de 10 milhões de pessoas nas próximas décadas é muito mais provável que isso seja um vírus altamente contagioso do que uma guerra. Não mísseis, mas micróbios. Parte da razão para isso é o facto de termos investido muito em desarmamento nuclear e muito pouco num sistema para parar uma epidemia. Não estamos preparados para a próxima epidemia.”

 

Mas esta não foi a única vez que Gates alertou para as potenciais consequências de uma pandemia.

Um ano depois, numa entrevista à BBC, voltou a abordar o assunto, frisando que "fazia figas" para que uma epidemia de “gripe mortal” não afetasse o mundo na próxima década. O magnata americano explicou nessa entrevista que o mundo estava “muito vulnerável”.

O mundo está muito vulnerável. Se algo se espalhar muito rapidamente como uma gripe que seja muito fatal isso será uma tragédia.”

Já em 2017, na Conferência de Segurança de Munique, Gates voltou à carga. Explicou que “os nossos mundos estão mais ligados do que a maioria das pessoas imagina” e isso significa que a segurança na saúde e a segurança internacional estão também interligadas.

Os epidemiologistas dizem que um agente patogénico que se mova a grande velocidade pelo ar pode matar mais de 30 milhões de pessoas em menos de um ano. E eles também dizem que há uma probabilidade razoável de o mundo viver um surto como este nos próximos 10, 15 anos. É difícil pensarmos numa catástrofe a esta escala, mas aconteceu há não muito tempo atrás. Em 1918, uma estripe violenta e mortal da gripe matou entre 50 a 100 milhões de pessoas.”

Por isso, Gates foi categórico: “Prepararmo-nos para uma pandemia é tão importante quanto o desarmamento nuclear ou evitar uma catástrofe climática”.

Mas o mundo não estava preparado para a pandemia de Covid-19. O surto do novo coronavírus, que começou na China em dezembro, já atingiu 157 países e matou mais de 9.000 pessoas a nível global.

Agora, num artigo publicado na prestigiada revista científica The New England Journal of Medicine, Gates descreveu que este coronavírus pode ser o “agente patogénico do século” para o qual tantos especialistas têm alertado. E deixou um apelo para que os países mais ricos ajudem as economias mais frágeis, de modo a que seja possível travar a propagação do vírus.

Os governos, as agências de saúde pública podem tomar medidas nas próximas semanas para diminuir a propagação do vírus. Podem, por exemplo, além de ajudar os seus próprios cidadãos, ajudar os países com economias mais frágeis a preparem-se para esta pandemia. Muitos sistemas de saúde são já muito limitados e um agente como este pode rapidamente sobrecarregá-los. E os países mais pobres têm pouca influência política e económica, dado o desejo natural dos países mais ricos em colocarem os seus povos em primeiro lugar.”

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