As autoridades alemãs têm dúvidas sobre a explicação das autoridades norte-americanas de que o novo coronavírus teve origem num laboratório da cidade chinesa de Wuhan, avançou esta sexta-feira a imprensa daquele país.
O serviço de informações alemão BND qualificou as alegações norte-americanas como uma tentativa do Presidente Donald Trump de “desviar a atenção dos seus próprios erros e redirecionar a raiva americana para a China”, refere a revista Der Spiegel, citando uma nota da ministra da Defesa, Annegret Kramp-Karrenbauer.
Donald Trump afirmou este mês que o vírus que causa a Covid-19 teve origem num laboratório de Wuhan e ameaçou a China com “taxas alfandegárias punitivas”.
Na quarta-feira, o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo garantiu que os Estados Unidos têm “imensas provas” de que o vírus começou com uma fuga de um laboratório em Wuhan, o berço da pandemia, acrescentando, no entanto, que “ainda não há certezas”.
De acordo com o canal de televisão pública alemã NDR, os serviços de informações alemães também têm dúvidas sobre a existência de um relatório da “Five Eyes” – “Cinco Olhos” é uma aliança de cooperação entre os serviços de informação dos países anglo saxónicos, ou seja, Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos - mencionado pela imprensa australiana.
Funcionários do BND disseram numa reunião com deputados que os países dos “Cinco Olhos” não têm conhecimento de tal documento, adiantou o NDR.
A televisão chinesa considerou, na segunda-feira, que as acusações são “insanas” e a Organização Mundial da Saúde (OMS) qualificou-as como “especulativas”, já que não foram apresentadas provas.
Segundo a maioria dos investigadores, o coronavírus foi transmitido aos seres humanos por um animal. Um mercado de Wuhan foi criticado por cientistas chineses por supostamente vender animais selvagens ao vivo.
Por outro lado, o serviço de informações alemão criticou a China por pressionar a OMS para adiar os alertas sobre o coronavírus, acrescenta o Spiegel.
Segundo a opinião do BND, a política de comunicação da China fez perder entre quatro e seis semanas de luta contra o vírus”, escreve a revista.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 267 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Cerca de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, vários países começaram a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos a aliviar diversas medidas.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (75.500) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,2 milhões).
Seguem-se o Reino Unido (30.615 mortos, mais de 206 mil casos) Itália (29.958 mortos, perto de 216 mil casos), Espanha (26.070 mortos, mais de 221 mil casos) e França (25.987 mortos, mais de 174 mil casos).