Covid-19: Bolsonaro reuniu-se com quase 50 políticos e empresários nos últimos dias - TVI

Covid-19: Bolsonaro reuniu-se com quase 50 políticos e empresários nos últimos dias

Jair Bolsonaro

De acordo com a OMS, um doente pode transmitir o vírus até seis dias antes de apresentar sintomas. O presidente do Brasil anunciou esta terça-feira que estava infetado

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reuniu-se com quase 50 políticos e empresários nos últimos dias. Bolsonaro anunciou esta terça-feira que estava infetado com o novo coronavírus.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o período de incubação do vírus é de um a 14 dias e uma pessoa infetada pode transmitir o vírus até seis dias antes de apresentar os primeiros sintomas. De acordo com a agenda oficial do presidente, citada pelos jornais brasileiros, Bolsonaro reuniu-se com 48 personalidades. A muitos apertou a mão e com alguns chegou a tirar fotografias, onde aparecem sem máscaras e sem cumprir distanciamento.

De acordo com a agenda oficial, fornecida pelo Palácio do Planalto, os principais contactos de Bolsonaro nos últimos dias foram os ministros Braga Netto (Casa Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno. Este último já esteve infetado com o novo coronavírus e já foi dado como curado. Os gabinetes destes ministros também ficam no Palácio do Planalto e são aqueles com quem o presidente tem mais contactos.

Mas Bolsonaro reuniu-se também com o ministro do Ambiente, o ministro das Relações Exteriores, o ministro da Justiça, o ministro do Desenvolvimento Regional e até com o novo secretário da Cultura, Mário Frias. Isto, além do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chappman, e políticos de vários partidos, bancários e empresários de vários setores.

Jair Bolsonaro também visitou Santa Catarina, um Estado fustigado por um ciclone na semana passada, onde conviveu com vários populares.

Já na segunda-feira, depois de ter apresentado os primeiros sintomas, o presidente reuniu-se com várias autoridades, incluindo o presidente do Instituto de Meteorologia e vários ministros.

E isto só de acordo com a agenda oficial. Bolsonaro pode ter-se encontrado com várias personalidades e com vários populares, sem que isso conste da agenda divulgada.

Ministros submetidos a testes à Covid-19

Por causa disso, vários membros do Governo de Bolsonaro estão a ser submetidos ao teste ao novo coronavírus. Braga Netto, Rogério Marinho e Luíz Eduardo Ramos já têm os resultados e deram negativo.

Também o ministro Ernesto Araújo terá dado negativo, mas este permanece em isolamento profilático em casa, depois de se ter reunido com o presidente no último domingo.

Bolsonaro anunciou, esta terça-feira, que testou positivo para o novo coronavírus, mas que foi tratado com cloroquina e que está “perfeitamente bem”.

“Estou até com vontade de fazer uma caminhada, mas, por recomendação médica, não farei", afirmou, aos jornalistas.

Logo após a conversa com os jornalistas, Bolsonaro tirou a máscara: “é só para verem a minha cara”.

OMS deseja melhoras rápidas ao presidente brasileiro

O secretário-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, desejou uma “recuperação rápida” ao presidente brasileiro.

Em conferência de imprensa a partir da sede da OMS, em Genebra, Tedros Ghebreyesus afirmou esperar que “os sintomas sejam ligeiros e que [Bolsonaro] volte ao trabalho o mais cedo possível para apoiar o seu país”.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados e de mortos (mais de 1,62 milhões de casos e 65.487 óbitos), depois dos Estados Unidos.

“Não é só o Brasil, a situação na América Latina não está boa”, afirmou Tedros Ghebreyesus, defendendo que é preciso “compreender a gravidade” da pandemia e salientando que “nenhum país ou pessoa está a salvo”.

O diretor executivo do programa de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, afirmou que o facto de Bolsonaro ter contraído a doença “ilustra a realidade deste vírus e ninguém tem estatuto especial”.

O Brasil “enfrenta um tempo difícil e uma tarefa difícil”, afirmou Michael Ryan.

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