Covid-19: como cinco países asiáticos tentam controlar uma segunda vaga de infectados - TVI

Covid-19: como cinco países asiáticos tentam controlar uma segunda vaga de infectados

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China, Japão, Hong Kong, Coreia do Sul e Singapura enfrentam agora uma espécie de boomerang e, quando pensavam ter a situação controlada, e convive com novos casos, importados de outros países

Com o resto do mundo ainda a tentar conter o aumento de casos confirmados de Covid-19, agora são os países asiáticos, onde a pandemia parecia já estar controlada, a temer uma segunda vaga de infectados. Depois de medidas restritivas na fase inicial da propagação, vários países e territórios asiáticos tiveram que aplicar novamente medidas radicais: encerramento de fronteiras e controlo apertado de todos os que entram. O New York Times chama-lhe “efeito boomerang” do coronavírus.

Na China, epicentro inicial do vírus, as estatísticas mostram que a situação está sob controlo - os números apontam para crescimentos diários residuais, muito abaixo de 0,5%. No entanto, as autoridades chinesas temem um segundo pico de casos, desta vez por causa de cidadãos oriundos de países estrangeiros. Nos últimos 15 dias, houve um incremento substancial de casos importados de países como Espanha, França, Holanda, Reino Unido ou Irão.

O dia 17 de março é o exemplo perfeito: dos 21 novos casos detectados, 20 tinham origem fora do país. Assim, a partir de 26 de março, as fronteiras foram fechadas a cidadãos estrangeiros - mesmo aos que já tinham visto válido emitido.

Neste momento, só se entra na China com uma autorização especial emitida pelas autoridades ou por embaixadas, apenas assinada em casos muito específicos. Além disso, as companhias aéreas viram-se obrigadas a reduzir drasticamente o número de ligações internacionais para a China. Uma tomada de posição “responsável” e que pretende “minimizar entradas e saídas desnecessárias” no país, diz Liu Haitao, o director dos Serviços de Imigração da China, e que reflecte a preocupação com uma eventual segunda vaga de infectados.

Novos casos importados alarmam Hong Kong e Singapura

Em Hong Kong, as fronteiras podem ter sido um problema. No início do mês de Março, muitos cidadãos regressaram ao território, uma vez que a situação estava controlada em Hong Kong, mas aparentemente em descontrolo noutros pontos do Globo. A consequência: na terceira semana de março, o número de novos casos não parou de aumentar.

De taxas de crescimento dárias abaixo dos 5% na fase inicial, o território chegou a crescer 23% num só dia - depois da entrada de quem vinha da Europa e outros continentes. Os casos positivos saltaram de 148 para mais de 700.

Assim, e para evitar um crescimento exponencial da Covid-19 devido a esses casos importados, as autoridades locais aplicaram uma série de medidas. A fronteira está fechada a não-residentes e os cidadãos que regressam ao território ficam agora obrigados a uma quarentena de 14 dias.

E entra também a tecnologia: quem está em isolamento obrigatório, terá que usar uma pulseira de vigilância electrónica, bem como uma aplicação de controlo através de smartphone. Segundo as autoridades, estão 200 mil pessoas em vigilância no território.

O mesmo se verifica em Singapura: depois de ser visto como um exemplo no controlo da Covid-19, o Governo viu-se obrigado a decretar medidas excepcionais devido ao aumento de casos importados. Até à segunda semana de Março, a situação era positiva, mas, segundo a imprensa local, um pico no número de estrangeiros infectados fez disparar as estatísticas: crescimentos perto de 20% ao dia.

Na prática, os infectados dispararam dos cerca de 200 para mais de 1000. De forma a combater este cenário, o governo viu-se obrigado a aplicar restrições na entrada: todos os visitantes exteriores de curta-duração foram banidos, e os próprios cidadãos de Singapura que regressem do estrangeiro ficam obrigatoriamente 14 dias em quarentena. 

Japão e Coreia do Sul também mudaram a estratégia

O primeiro caso positivo no Japão registou-se a 16 de janeiro, mas o cenário parecia animador... até agora. Nos primeiros dias de março, um grupo de investigadores, reunidos com funcionários do Ministério da Saúde do Japão, alertaram que podia nascer um novo problema nas semanas seguintes: uma vaga de infecções com origem em cidadãos estrangeiros.

O Japão ainda não declarou o estado de emergência, mas há especialistas na área da Saúde que pedem ao primeiro-ministro Shinzo Abe que o faça. O primeiro passo foi desaconselhar qualquer visita não-urgente a uma lista de 73 países. Neste momento, e devido ao crescimento de testes positivos na área de Tóquio, estão impedidos de aterrar no Japão cidadãos oriundos de mais de 60 países - Portugal é um deles.

No dia 3 de abril, a lista passa a ser mais extensa, e já inclui os Estados Unidos, país com mais casos neste momento. Quem quebrar a quarentena poderá pagar cerca de 4.000€ e a pena de prisão pode chegar aos seis meses. Já morreram 66 pessoas infectadas com Covid-19 no território.

Para terminar, outro exemplo do já apelidado “efeito boomerang”. No final de fevereiro e início de março, dezenas de países fecharam a fronteira a sul-coreanos devido à subida galopante de infectados com o novo coronavírus na zona de Daegu. Mas depois da detecção de 500 testes positivos ligados a casos externos nas últimas semanas de março, os papéis inverteram-se e Seoul também teve que olhar para fora.

E já entraram em vigor as novas medidas de combate ao vírus: depois da entrada no país, turistas internacionais serão encaminhados para instalações sanitárias em transportes especiais, e os coreanos que regressem à península ficam 14 dias em quarentena obrigatória. Ao mesmo tempo, o Governo reforçou o investimento num plano nacional de sensibilização.

Entre as medidas divulgadas, está o distanciamento social de dois metros (mesmo em casa), o uso de máscara de protecção se em contacto com um caso suspeito ou com alguém em quarentena, ou limpeza e desinfecção regular de todas as superfícies.

Recorde-se que a Coreia do Sul é um dos países com mais casos registados (cerca de 10 mil), principalmente devido a um surto no final do mês de fevereiro. 

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