Covid-19: consórcio da imprensa indica números superiores aos do governo do Brasil - TVI

Covid-19: consórcio da imprensa indica números superiores aos do governo do Brasil

  • .
  • publicado por Rafaela Laja
  • 9 jun 2020, 08:15
Covid-19: Rio de Janeiro lembra a importância das máscaras

Imprensa brasileira informou na segunda-feira que o Brasil registou 849 mortes e 19.631 infetados pelo coronavírus nas últimas 24 horas

Um consórcio formado pela imprensa brasileira informou na segunda-feira que o Brasil registou 849 mortes e 19.631 infetados pelo coronavírus nas últimas 24 horas, números superiores aos revelados pelo governo, que divulgou 679 óbitos e 15.654 infetados.

No total, o consórcio formado pelos principais ‘media’ do Brasil indicou que o país registou 710.887 casos e 37.312 vítimas mortais desde o início da pandemia, enquanto que o Ministério da Saúde brasileiro informou 37.134 mortes e 707.412 casos.

A parceria entre vários órgãos da imprensa brasileira foi anunciada na segunda-feira, numa resposta à decisão do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de restringir o acesso a dados sobre o avanço da pandemia provocada pelo novo coronavírus no país.

O consórcio é formado pelos jornais O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, Extra, empresas do Grupo Globo (jornal O Globo, portal de notícias G1, TV Globo e Globonews) e do portal da Internet UOL, que decidiram colaborar na recolha de informações necessárias nos 26 estados do Brasil e no Distrito Federal.

Os números da imprensa contrastam com os apresentados pelo executivo de Bolsonaro, que na segunda-feira comunicou à imprensa que os seus dados não estavam completos, após as unidades federativas de Santa Catarina, Alagoas, Distrito Federal e Goiás não terem enviado ao Governo os seus números contabilizados nas últimas 24 horas.

Contudo, os dados desses estados foram incluídos na divulgação do consórcio.

Num esforço conjunto, os veículos de comunicação chegaram aos números a partir dos boletins divulgados pelos estados brasileiros.

O governo de Jair Bolsonaro voltou na segunda-feira a divulgar os dados da covid-19 por volta das 18:30 locais (22:30 em Lisboa), após ter causado polémica ao indicar que os números passariam a ser divulgados ao final da noite e ao omitir os dados acumulados desde o início da pandemia.

A mudança na metodologia causou protestos em diferentes setores, que acusaram o governo brasileiro de dificultar o acesso à informação.

A alteração também foi associada à intenção de impedir que as informações fossem divulgadas nos noticiários noturnos da rede Globo, que têm a maior audiência do país, e nas edições impressas dos jornais brasileiros.

Na sexta-feira, em declarações aos jornalistas, o próprio chefe de estado chegou a afirmar que, com a mudança, a rede Globo deixaria de ser a "TV Funerária".

Além dessas alterações, o Ministério da Saúde também causou polémica ao divulgar no domingo dados divergentes sobre a evolução da pandemia, justificados posteriormente pela duplicação dos números registados em alguns estados.

Após a transparência do executivo ter sido colocada em causa, o presidente do Congresso brasileiro, senador Davi Alcolumbre, informou que a comissão que acompanha as medidas de combate ao coronavírus deixará de usar os dados do Governo federal e passará a trabalhar com os dados divulgados pelos estados.

Após reunião de líderes, ficou decidido que a Comissão Mista Especial de Acompanhamento do Coronavirus trabalhará com os dados estatísticos da pandemia fornecidos pelos estados e Distrito Federal. É papel do parlamento buscar a transparência num momento tão difícil para todos", publicou Alcolumbre na rede social Twitter.

Também na segunda-feira, a Organização Mundial de Saúde (OMS) apelou ao Brasil para que continue a divulgar de forma transparente os dados da covid-19 no país.

O Brasil é o segundo país do mundo com maior número total de casos, e o terceiro com mais mortes, sendo o foco da pandemia na América Latina.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 404 mil mortos e infetou mais de sete milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

Continue a ler esta notícia