O primeiro-ministro do Reino Unido anunciou esta quarta-feira que as escolas do país deverão ficar fechadas até ao dia 8 de março. A data ainda terá de ser confirmada pelo governo, mas a medida destina-se a conter a pandemia de covid-19, que disparou no país depois de ter sido detetada uma variante do vírus, que pode ser até 70% mais contagiosa.
Boris Johnson acrescentou que uma decisão concreta será comunicada a 22 de fevereiro, data inicialmente pensada para a reabertura das atividades escolares.
Para uma decisão definitiva, o governo espera pela evolução da vacinação e da pandemia no país, esperando diminuir o nível de hospitalizações até lá.
Será também a partir da data que o executivo espera poder começar a introduzir um "gradual e faseado" plano de reabertura da sociedade, que terá de ser feito de uma "forma sustentável".
O primeiro sinal de retorno à normalidade deverá ser as crianças a regressarem às salas de aula", disse o primeiro-ministro.
Boris Johnson falou no parlamento britânico um dia depois de o país ter ultrapassado a barreira das 100 mil mortes por covid-19, sendo o quinto mais com mais óbitos em todo o mundo.
Para o primeiro-ministro, a melhor forma de homenagear as vítimas é a perserverança na luta contra o vírus. Neste momento, cerca de 6,8 milhões de pessoas já foram vacinadas no Reino Unido, mais de 13% da população adulta.
O encerramento de escolas foi anunciado no Reino Unido a 4 de janeiro, pelo que as aulas deverão ficar suspensas por mais de dois meses.
Em Portugal o mesmo cenário foi imposto a 21 de janeiro, medida que se estenderia por 15 dias. Agora ainda não há certezas de qual será a modalidade de ensino a partir do fim desse período.
Novas regras para viagens
Adicionalmente, o governante anunciou que os países em pior situação, como é o caso de Portugal, terão de fazer quarentena obrigatória em locais designados pelo governo.
Portugueses e outros estrangeiros residentes no Reino Unido, bem como britânicos, terão de cumprir quarentena num hotel às suas custas no regresso ao país para evitar a importação de novas variantes do coronavírus, anunciou o governo britânico.
De forma a reduzir o risco colocado por nacionais britânicos e residentes de regresso a casa destes países, vamos exigir a todas as chegadas em que não possa ser recusada a entrada a ficar em isolamento em alojamento como hotéis, providenciado pelo Governo. Serão recebidos nos aeroportos e transportados diretamente para a quarentena”, disse aos deputados.
O endurecimento das regras vai ser detalhado mais tarde pela ministra do Interior, Priti Patel.
Em causa está o risco de novas infeções com variantes mais perigosas do SARS-CoV-2, o vírus responsável pela covid-19, como aquelas primeiro detetadas na África do Sul ou no Brasil.
Além destes dois países, a medida deverá ser aplicada a mais 20 países, incluindo Portugal, Cabo Verde, Angola e Moçambique, bem como Argentina, Chile, dos quais estão suspensos voos diretos e proibida a entrada de visitantes devido às ligações próximas com a África do Sul e Brasil.
Até agora, a quarentena de 10 dias podia ser feita na própria casa e encurtada para metade após a realização de um teste no quinto dia, sendo as infrações penalizadas com multas que variam entre 1.000 e 10.000 libras (1.130 e 11.300 euros).
Assim, britânicos e residentes do Reino Unido que cheguem a Inglaterra de países potencialmente afetados pelas variantes ficam sujeitos a este sistema, como Portugal e a maioria dos países do sul de África e América do Sul devido às relações próximas com o Brasil e América do Sul.
Desde 15 de janeiro que os voos diretos de Portugal, Cabo Verde e de 14 países da América do Sul foram suspensos pelo Reino Unido para evitar a chegada de casos com uma nova variante do vírus detetada no Brasil, considerada muito contagiosa.
O Reino Unido já tinha proibido em dezembro voos diretos da África do Sul e de outros países africanos, como Angola e Moçambique, e a entrada de passageiros devido ao risco apresentado por uma nova estirpe do SARS-CoV-2, designada por 501Y.V2, também considerada altamente infecciosa.
As chegadas desses países já são proibidas, exceto para britânicos e estrangeiros com estatuto de residente, e todos têm de apresentar um resultado negativo de um teste de diagnóstico realizado até 72 horas antes.
De acordo com o regime de confinamento em vigor, todas as viagens ao estrangeiro desnecessárias, como turismo, estão proibidas e o primeiro-ministro afirmou que o controlo a saída vai passar a ser maior, podendo as pessoas ser impedidas de passar a fronteira “se não tiverem uma razão válida".
Segundo o jornal The Times, a ministra do Interior chegou a propor o encerramento total das fronteiras e a quarentena em hotéis para passageiros de todos os países, mas o primeiro-ministro, Boris Johnson, rejeitou.