17 de novembro de 2019. Uma data que vai estar bem presente na nossa memória nos próximos anos e marcada nos livros de história e ciência das próximas gerações. Faz hoje precisamente um ano que foi detetado o primeiro caso de covid-19 em Wuhan, na China. Na altura, suspeitava-se de uma "pneumonia viral" ou "pneumonia misteriosa". Pneumonia essa que se transformou em pandemia e que já matou mais de um milhão e trezentas pessoas e já infetou mais de 55 milhões.
O primeiro lugar da tabela dos países mais afetados é ocupado pelos Estados Unidos, com 11,2 milhões de infetados e 247.220 óbitos. Seguindo-se a Índia com 8,8 milhões de casos, Brasil com 5,8 milhões, França com mais de dois milhões, Rússia com 1,9 e Espanha com 1,4.
No entanto, existem outros tantos que já ultrapassaram a barreira de um milhão de infetados. São eles: Reino Unido, Argentina, Itália, Colômbia e México.
Relativamente ao número de vítimas mortais, os Estados Unidos mantêm-se em primeiro lugar, seguindo-se o Brasil (166.014), Índia (130.519), México (98.861), Reino Unido (52.240), Itália (45.733), França (45.122), Irão (42.461), Espanha (41.253) e Argentina (35.727).
Um ano depois e começam a surgir algumas boas notícias. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, existem, neste momento, 164 vacinas contra a covid-19 em avaliação pré-clínica (sem testes em humanos) e 48 em avaliação clínica (com testes em humanos, em diferentes fases (1, 2 ou 3). Duas delas revelaram nas últimas semanas resultados promissores.
A Pfizer e a BioNTech anunciaram que a vacina que estão a desenvolver demonstrou ter, ainda que em resultados preliminares, 90% de eficácia. Já a norte-americana Moderna, anunciou ter uma efetividade de 94,5%.
Se, por um lado, a comunidade científica diz que há razões para otimismo e esperança, por outro, ainda existem muitas dúvidas por responder. Os especialistas têm deixado vários alertas sobre a precocidade dos dados agora revelados. Sobre a possibilidade de se ter uma vacina contra o vírus no Natal, uma parte considera ser um cenário muito pouco provável.
As máscaras e o gel desinfetante passaram a fazer parte do nosso 'kit' diário e a normalidade das nossas vidas ganhou uma nova realidade. O tão aclamado "novo normal". Não existem estimativas para o fim da pandemia e, até lá, os beijos e os abraços mantêm-se em suspenso.
Fica aqui uma breve cronologia dos acontecimentos mais importantes e das decisões políticas tomadas durante estes 12 meses em que tivemos de aprender a viver com o vírus.
2019
Novembro
Foi diagnosticado, a 17 de novembro de 2019, o primeiro caso de covid-19 na província de Hubei, em Wuhan, na China.
Dezembro
Em dezembro falava-se de uma "pneumonia misteriosa" que já tinha levado dezenas de pessoas ao hospital. Queixavam-se sobretudo de frio, mas com temperaturas acima dos 40 graus. Dificuldades em respirar e dores no corpo eram outro dos sintomas bastante frequentes.
Até aqui, sabia-se que os sintomas eram idênticos aos de uma gripe, só não se sabia a origem deste pneumonia viral que se estava a espalhar a grande velocidade. Já havia registo de casos críticos, mas sem mortes.
Nesta altura, o stock de máscaras e desinfetantes já começava a esgotar em algumas regiões chinesas.
2020
Janeiro
A 9 de janeiro é divulgada uma investigação preliminar que classificou a pneumonia misteriosa como sendo um novo tipo de coronavírus. Ou seja, uma espécie de vírus que causa infeções respiratórias em seres humanos e animais e são transmitidos através da tosse, espirro ou contacto físico.
Alguns destes vírus resultam apenas numa constipação, enquanto outros podem gerar doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia atípica, ou síndrome respiratória aguda grave (SARS), que entre 2002 e 2003 matou globalmente mais de oito mil pessoas.
A SARS é transmitida de pessoa para pessoa através de contactos próximos ou através de gotas transportadas pelo ar e que foram expelidas por uma pessoa infetada. Estas eram algumas das conclusões da altura.
26 de janeiro - O primeiro caso suspeito em Portugal deu negativo. Um homem, entre os 25 e os 35 anos, estrangeiro, mas não de nacionalidade chinesa, que reside em Portugal e que tinha estado em Wuhan. Na altura, estaria sob observação no Hospital Curry Cabral, em Lisboa.
A 30 de janeiro, Marcelo Rebelo de Sousa afirma que está "a acompanhar atentamente" a situação dos portugueses que vão ser trazidos da China devido ao novo coronavírus e "em colaboração permanente" com a Organização Mundial de Saúde.
Fevereiro
A 14 de fevereiro já tinham sido registados sete casos suspeitos de infeção em Portugal, mas todos declarados negativos.
15 de fevereiro - França regista a primeira morte. Uma turista chinesa de 80 anos.
A 18 de fevereiro tinham sido reportados mais de 73 mil casos em mais de 25 países e mais de 1.800 mortes, três delas fora da China.
Também já se sabia que o período de incubação do vírus estava estimado entre dois a 12 dias, podendo ir até aos 14. Havia também a indicação de que podia haver transmissão do vírus mesmo antes de os sintomas se manifestarem.
21 de fevereiro - Itália regista a primeira morte. Um homem de 78 anos.
22 de fevereiro - Confirmado o primeiro caso de um português infetado com o covid-19. Adriano Luís Maranhão, natural da Nazaré, esta a trabalhar no cruzeiro Diamond Princess.
24 de fevereiro - Organização Mundial de Saúde diz que ainda é cedo para declarar uma pandemia, mas ressalva que o mundo deve estar preparado para esse cenário.
Março
2 de março - Confirmados dois casos de infeção em Portugal. Um homem de 60 anos, que estava internado no Hospital de Santo António, no Porto, com ligação epidemiológica a Itália. E um outro de 37 anos que se encontrava no Curry Cabral, em Lisboa.
A 8 de março, o Presidente da República entrou em quarentena.
A 10 de março o Governo suspendeu os voos para todas as regiões de Itália por um período de 14 dias, que foi depois prolongado.
11 de março - A Organização Mundial de Saúde declara a covid-19 como uma pandemia, sendo este o primeiro coronavírus a ser declarado como tal.
12 de março - Governo declara estado de alerta para todo o país. Como consequência, o Conselho de Ministros aprovou um conjunto de medidas extraordinárias e de caráter urgente de resposta à situação epidemiológica do novo coronavírus.
A 14 de março a ministra da Saúde, Marta Temido, anuncia que Portugal entrou “numa fase de crescimento exponencial da epidemia”.
A 17 de março, Marcelo Rebelo de Sousa termina quarentena, depois dos testes negativos.
18 de março – Marcelo faz uma comunicação ao país na qual anuncia o estado de emergência, com medidas restritivas apertadas, como o recolher obrigatório ou as restrições à circulação na via pública. A entrar em vigor a partir do dia seguinte.
Abril
A 2 de abril, é aprovado na Assembleia da República a prorrogação do estado de emergência por mais duas semanas.
A 16 de abril o Parlamento volta a aprovar a renovação do estado de emergência até 2 de maio.
A 24 de abril, o O Governo decide proibir as deslocações entre concelhos no fim de semana prolongado de 1 a 3 de maio.
A 25 de abril, o Presidente da República discursou, na sessão solene do 25 de Abril, na Assembleia da República, em Lisboa, e lembrou que o "25 de Abril tinha de ser evocado" porque esta é a hora de "unidade".
Maio
1 de maio – Termina estado de emergência e as medidas de excecionais começam a ser levantadas de forma faseada. Portugal passa a estar em situação de calamidade pública.
A 4 de maio os deputados passam a ser obrigados a usar máscara para entrar, circular e permanecer na Assembleia da República.
A 29 de maio o Conselho de Ministros decide aliviar as medidas, entre elas o recolhimento obrigatório, a partir de 1 de junho.
A 31 de maio, António Costa e Silva é convidado pelo primeiro-ministro para ficar responsável pelo Programa de Recuperação Económica.
Junho
4 de junho – Governo aprova o Programa de Estabilização Económica e Social.
A 10 de junho, Marcelo Rebelo de Sousa anuncia que vai condecorar os profissionais de saúde que trataram o primeiro caso de Covid-19 em Portugal, considerando que têm tido um "heroísmo ilimitado a fazer de carências e improvisos excelência".
Julho
A 15 de julho, António Costa admite que o país não tem condições para aguentar um novo confinamento.
Agosto
A 24 de agosto foi confirmado o primeiro caso de reinfeção.
Setembro
A 17 de setembro, o primeiro-ministro convoca com caráter de urgência uma reunião do gabinete de crise para o acompanhamento da evolução da covid-19 em Portugal. No dia seguinte, no final da reunião, admitiu que Portugal, bem como outros países da Europa, está a sofrer um "forte crescimento" de novos casos de covid-19. A continuar assim, disse o primeiro-ministro, na próxima semana o país vai atingir os 1000 casos por dia.
Outubro
14 de outubro – Portugal continental passa de situação de contingência para situação de calamidade.
22 de outubro – Conselho de Ministros aprova uma resolução que impede a circulação entre diferentes concelhos no período entre as 00:00 de 30 de outubro e as 00:30 de dia 3 de novembro, o fim de semana que corresponde ao Dia de Finados.
A 23 de outubro o Parlamento aprova o projeto-lei do PSD que impõe o uso obrigatório de máscara em espaços públicos, no âmbito da pandemia de covid-19.
Novembro
6 de novembro - Parlamento aprova segundo estado de emergência, com os votos a favor de PS, PSD, CDS e da deputada não inscrita Cristina Rodrigues. António Costa admite levar o estado de emergência, "no limite", até ao final da pandemia.