Depois de muitos dados apontarem para uma recessão na economia norte-americana, a Comissão de Dados do Ciclo de Negócios, do Departamento Nacional de Pesquisas Económicas (NBER, na sigla em inglês), confirma o cenário. Segundo a agência Reuters, aquela comissão emitiu um comunicado, onde diz que os seus membros "concluíram que a magnitude sem precedentes do declínio do emprego e da produção, e a sua larga influência em toda a economia, garante que este período se pode designar como um episódio de recessão, mesmo que seja mais breve que as contrações anteriores".
Os dados revelam o fim do maior ciclo de prosperidade nos Estados Unidos, depois de 128 meses seguidos em crescimento económico, num período que teve início em junho de 2009, e que se seguiu à última grande crise. O impacto da pandemia de Covid-19 foi fundamental no novo ciclo negativo.
NBER Business Cycle Dating Committee has determined that a peak in monthly US economic activity occurred in February 2020, ending 128-month-long expansion. The committee's statement https://t.co/SWPZ4Ydw4X
— NBER (@nberpubs) June 8, 2020
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Questions to Charles Radin caradin@nber.org
A confirmação já era expectável, mas, afirma a Reuters, chegou mais rápido que o esperado (quatro meses depois do início real da recessão). O caso da última recessão é apontado como exemplo, uma vez que, quando a economia começou a entrar em declínio em 2007, o mesmo só foi confirmado um ano depois.
Geralmente, a recessão é confirmada quando existem dois trimestres seguidos de contração. No entanto, como fator decisivo para a oficialização por parte do NBER, está a rapidez e a profundidade do colapso.
Ao decidir identificar a recessão, o comité tem em conta a profundidade da contração, a sua duração, e como a atividade económica entrou em declínio. O comité reconhece que a pandemia e a resposta à saúde pública resultaram numa desaceleração com características e dinâmicas diferentes das recessões anteriores", pode ler-se no comunicado.
O produto interno bruto (PIB) dos Estados Unidos caiu a uma taxa anual de 4,8% nos primeiros três meses do ano. As previsões para o período entre abril e junho apontam para um declínio ainda pior, que pode mesmo ultrapassar os 20%.
A análise refere ainda uma subida abrupta da taxa de desemprego, que passou de 3,5% em fevereiro, para 13,3% em maio, tendo mesmo chegado a atingir os 14,7% em abril.
Ainda assim, o comité adianta que, apesar de ser uma recessão histórica, também pode estabelecer um recorde na altura da recuperação. Com efeito, a pior recessão da história norte-americana viveu-se em 1929, depois do crash bolsista, com os Estados Unidos a passarem por uma contração económica durante 43 meses seguidos. Desde a Segunda Guerra Mundial, as piores recessões nunca duraram mais de 18 meses.
Os especialistas esperam que a retoma possa ser feita já este verão, e que pode voltar a um ritmo de crescimento em breve, a menos que surja uma nova vaga do novo coronavírus.
A velocidade da recuperação económica pode ser determinante para perceber quais as reais consequências que a pandemia deixou.